quarta-feira, 28 de outubro de 2009

salve geral - nos cinemas

Em maio de 2006, a cidade de São Paulo se viu sitiada pelos ataques do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que agia em resposta a transferência inesperada de mais de 700 presos para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, incluindo líderes da facção. O episódio recente, e possivelmente fresco na memória da população, volta à tona no longa-metragem Salve Geral,de Sérgio Rezende, em cartaz nos cinemas.

Ficção baseada em realidade, o filme usa o episódio ocorrido na capital para discutir sobre a organização sistema penitenciário brasileiro e as relações entre governo e facção, no filme chamada de Partido. Coincidentemente, seu lançamento ocorre na mesma época em que se inicia o julgamento de Marcos Camacho, o Marcola, e Júlio César de Moraes, o Julinho Carambola, apontados como líderes do PCC.

O diretor carioca inspirou-se no episódio paulista para fazer a sua espécie de alerta, ou mesmo, mostrar sua porção de indignação. “Guardadas as proporções, este episódio foi o nosso 11 de Setembro. Revelou o descontrole absoluto e caótico em que nós vivemos e todas as contradições da sociedade brasileira”, disse Rezende à CartaCapital.

Salve Geral narra também a história de Lúcia (Andrea Beltrão), uma professora de piano que, ao ter o filho preso, conhece a advogada Ruiva, (Denise Weinberg, em excelente atuação) e se envolve diretamente com o Partido. Faz pequenos favores, a fim de conseguir vantagens para o filho. As relações entre Partido e governo e o andamento das negociações para o cessar dos ataques são pontos altos do longa.

Usando uma das falas da personagem de Beltrão, Rezende se mostra desapontado com a própria sociedade. “Lucia diz que sempre que sempre que está com medo, fecha os olhos. Mas estas questões estão longe de serem superadas e são responsabilidade de todos. A única maneira de solucionar, ou começar a solucionar, é encarar”, acredita. Mais que um filme sobre uma facção, Salve Geral é trata da perda de controle. Seja sobre uma cidade, um presídio ou a própria razão.