terça-feira, 29 de julho de 2008

negativos coloridos de tatafiore


Desde o dia 26, o Istituto Italiano di Cultura e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói promovem a exposição Ernesto Tatafiore – Filosófico Utópico. O artista italiano, conhecido na cena contemporãnea desde a década de 60, aproveita as feições de figuras notáveis, como Mozart ou Maradona, para compor as 16 grandes telas reúnidas pela primeira vez no Brasil.

As cores fortes, misturadas ao quase sempre presente preto, dão uma atmosfera de negativo às imagens. Em tom lúdico, Lênin e Pelé ganham feições avermelhadas, assim como cinco jovens mulheres nuas chamadas pelo artista de Utopia, Alegoria, Metáfora, Metafísica e Filosofia. A mistura de realidade e simbolos é uma característica nas obras de Tatafiore, que além de pintor, também é psicanalista.
Lá em cima, Diderot. Aqui em baixo, Ulisses (um dos meus preferidos).
sexta-feira, 25 de julho de 2008

arquivo x- eu quero acreditar



Hoje é dia da estréia do novo filme do Arquivo X. Mesmo quem não acompanhou a série sabe que os atores David Duchovny e Gillian Anderson dão vida a dois agentes da inteligência americana. Seus rostos ficaram famosos no mundo inteiro e a dupla, que cuidava de casos estranhos e sobrenaturais, deu a série ares de fenômeno na década de 90.

Dez anos depois do primeiro longa-metragem, os agentes Fox Mulder e Dana Scully estão de volta. Assim como a eterna rivalidade entre fé e razão. Em Arquivo X – Eu quero acreditar, Mulder e Scully são recrutados de volta ao FBI para ajudar numa investigação que envolve sequestro de agentes e tráfico de órgãos humanos. Desta vez, os casos extraterrestes são deixados de lado. Estamos falando de paranormalidade, experiências genéticas e, até mesmo, pedofília. Um mistura confusa? Sim, mas esse é o espírito de Arquivo X.

Dirigido pelo criador da série, Chris Carter, o filme mantém o clima da série e, até por isso, não reserva maiores supresas aos espectadores familiarizados com esse estilo de trama. Mas, sabendo que “a verdade está lá fora” (frase que abria os episódios da série), Mulder e Scully parecem, desta vez, escolher um caminho mais seguro. Para o bem, até mesmo, do próprio amor que existe entre eles.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Donkey do CSS


Muito já foi falado, nessa blogosfera de meu zeus, sobre o albúm novo do Cansei de Ser Sexy, o Donkey.

Bom, eu que não sou expert no assunto CSS, sempre deixo de falar quando surge algo deles. Mas adoro a banda e gostei bastante do albúm novo. Acho que o povo deveria parar de preconceito e aprender a apreciar, né? hehe

Então, deixo pro meu amigo, especialista e colega de trabalho Pedro Alexandre Sanches dar os pitecos dele. O Pedro conversou com a Luiza Sá (por telefone, de Londres), com o Adriano Cintra e Ana Rezende por e-mail (também de lá).

Está no blog Ruído, que vcs podem acessar aqui.

E o albúm vai chegar ao Brasil com um pouco de atraso... Poderá ser baixado gratuitamente no site da Trama ou comprado nas lojas.

Enquanto isso, dá pra ouvir sem baixar no myspace dos caras.

Enjoy!
segunda-feira, 21 de julho de 2008

o brasil que taunay enxergou


Para comemorar os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, a Pinacoteca recebe a mostra Nicolas-Antoine Taunay: Uma Leitura dos Trópicos, que reúne cerca de 70 obras do artista. Membro da chamada Missão Francesa, que aportou no Brasil em 1816, Taunay se tornou especialista em captar as paisagens do Rio de Janeiro, o contrário do que fazia eu companheiro de viagem, Jean Baptiste Debret, focado nos costumes nacionais.

O artista, que começou a pintar aos 13 anos, tinha 60 quando chegou às terras tupiniquins. A vasta experiência lhe dava certa liberdade de criação, seja na escolha da paleta de cores (muito mais européia do que tropical), seja na criação de novos elementos paisagísticos. O resultado, é a síntese da mistura entre a visão de Taunay e a realidade da época. Apaixonado pelo país, o francês adquiriu um terreno no bairro da Tijuca, no Rio, e ajudou a fundar a Academia de Belas Artes da cidade.

Na exposição, além das pinturas brasileiras, o público conhecerá toda a trajetória profissional do francês. Auto-retratos, a fase inicial de paisagens européias e a produção especialmente realizada para a corte de Napoelão Bonaparte também estão reunidas na Pinacoteca. Com curadoria da historiadora Lilia Schawarcz, a exposição fica em cartaz até o simbólico dia 7 de setembro.

Lá em cima, a tela Vista do Pão de Açúcar a partir do terraço de Sir Henry Chamberlain (1816-1821)
sexta-feira, 18 de julho de 2008

hoje é dia de batman

A saga do homem morcego continua grandiosa em Batman – O Cavaleiro das Trevas, em cartaz a partir de hoje (sexta-feira 18), em todo o Brasil. Eu adorei o filme! O elenco é ótimo, as cenas de ação são boas e Gotham está mais sombria do que nunca.

Em 2005, quando foi lançado Batman Begins, uma nova cara foi dada ao bilionário Bruce Wayne (Christian Bale) e sua trajetória tratada com maior respeito. Essa “nova geração” de Batman, sob a direção de Christofer Nolan, trouxe à série novos fãs, além de agradar ainda mais os antigos.

Em Cavaleiro das Trevas, é a vez de Batman entrar em conflito com seu maior inimigo, o Coringa, muito bem interpretado pelo falecido Heath Ledger. Muito se falou da atuação de Ledger, mas Aaron Eckhart, na pele do promotor Harvey Dent, merece destaque igual ou maior. Seu personagem é ainda o gancho para uma possível, e provável, continuação da série.
quinta-feira, 17 de julho de 2008

coleção suspeita


Desde a quinta-feira 10, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) recebe a mostra Fotógrafos da Vida Moderna, uma reunião de imagens que tratam, direta ou indiretamente, dos efeitos da modernidade na sociedade. São 154 imagens, captadas pelos mais diversos nomes da fotografia, do francês Henri Cartier-Bresson ao brasileiro German Lorca (imagem acima).


A mostra não é significativa apenas pela variedade de obras. A maior parte das fotos fazia parte da coleção de Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos e colecionador compulsivo, preso em 2006. Nunca antes exposta, a coleção fotográfica é uma das maiores do Brasil e foi transferida judicialmente para a instituição há três anos.
quarta-feira, 16 de julho de 2008

gênio e revolucionário


Para comemorar 60 anos de existência, o Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a mostra Marcel Duchamp: uma obra que não é uma obra de arte, a maior do artista já realizada na América Latina, sob curadoria de Elena Filipovic. A relação do artista francês com o MAM não é recente. Em 1948, o fundador do museu, Cicillo Matarazzo, trocou uma série de cartas com ele para promover, em conjunto, a curadoria do que seria a exposição de abertura. O evento nunca aconteceu, já que um dos organizadores desapareceu com parte do dinheiro reservado à exposição.

Seis décadas depois, as idéias de Duchamp (1887-1968) retornam por meio de cerca de 120 peças capazes de oferecer um panorama que vai muito além da famosa roda de bicicleta sobre um banco de madeira. Na exposição, há obras significativas como uma réplica de O Grande Vidro, que demorou oito anos para ser concluída e, ainda hoje, não é totalmente compreendida pelos estudiosos do artista.

Também merece destaque Caixa Valise (imagem acima), uma reunião de reproduções e miniaturas que Duchamp fez das próprias obras. Na mala, que acaba por formar uma espécie de museu, ele colocou os trabalhos que considerava mais importantes. Trata-se, no fundo, de uma defesa do conceito de cópias e réplica, que ele tanto apregoou. Muitas das obras originais foram perdidas ao longo dos anos e reproduzidas inúmeras vezes pelo próprio artista, algumas delas trazidas agora ao Brasil.

O MAM recebe em paralelo a mostra Duchamp-me, na qual o curador Felipe Chaimovich retira do acervo do Museu obras brasileiras inspiradas no artista francês. Trata-se, enfim, de uma rara chance de conhecer, de perto, o artista que virou a arte de pernas para o ar no início do século XX.
segunda-feira, 14 de julho de 2008

Além das leis e das marcas

Com um pouco de atraso, colo embaixo a matéria "Além das leis e das marcas", publicada na CartaCapital nº 503.

Além das Leis e das Marcas

Política Cultural - Dois grandes institutos movimentam as artes em Porto Alegre


Em um grande prédio tombado pelo patrimônio histórico, as escadas de mármore e os vitrais dividem espaço com painéis de cores agressivas, que vão do teto ao chão. A sede do Santander Cultural, em Porto Alegre, une tradição e contemporaneidade na exposição Transfer, uma original e bem sucedida reunião de artistas urbanos sob curadoria de Lucas Ribeiro.

As paredes do lugar, antiga sede do Banco Nacional do Comércio, foram forradas com tábuas de madeira para receber, pelas mãos de grafiteiros, a arte que só se vê nas ruas. O resultado é a transformação de um espaço tradicional, de arquitetura neoclássica, em um ponto de encontro entre a cultura marginal e a convencionalmente chamada de erudita.

Nunca o Brasil abrigou uma mostra tão grande de street art. Apesar de o movimento ter raízes, sobretudo, em São Paulo, foi em Porto Alegre que mereceu um evento de tamanha proporção. Será fruto do acaso? Provavelmente, não.

Parece surgir na capital gaúcha, há algum tempo, um exemplo de política cultural diferente da mantida por outros centros urbanos do Brasil. Uma maneira, talvez, de tratar a cultura de forma integrada e, assim, mover as peças no cenário de toda uma região. Vê-se, na cidade, desde uma empresa que faz marketing cultural sem colocar sua marca à frente do projeto até um banco que não usa incentivo fiscal.

Além da instituição que abriga Transfer, Porto Alegre tem hoje grandes e importantes centros culturais com foco em arte brasileira contemporânea. A Fundação Iberê Camargo, a Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) são alguns deles. Além disso, a cidade passou a abrigar eventos como a Bienal de Artes do Mercosul e, em outras áreas, a Bienal do Livro e o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

O boom de ações não é fruto apenas da conjuntura atual, irrigada pelas leis de incentivo à cultura. O momento de ebulição da cidade, que não é necessariamente um grande pólo econômico ou turístico, é resultado de uma política que vem sendo implantada desde o começo do século XX e, agora, quase um século depois, começa a colher os frutos.

Para a professora Ana Albani de Carvalho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e curadora da Pinacoteca, a trajetória teve início com a criação do Instituto das Artes, há cem anos. A partir dali, a cidade ganhou um diferencial em relação a outros centros nacionais, apesar de manter, na produção, um padrão conservador em termos estéticos. “Aquele era um momento de formação. Existiam artistas viajantes e, por isso, havia muita troca entre regiões. Mas o gaúcho é um povo centrado, aqui existe um ‘voltar para si mesmo’. Não tínhamos um intercâmbio com outros centros”, diz.

Geradora de um orgulho típico dos estados fronteiriços, a restrição de acesso às regiões próximas parecia, inicialmente, um problema. Mais tarde notou-se que o relativo isolamento levava também à formação de uma sociedade preocupada em construir uma história cultural, voltada não só à produção artística, mas à educação sobre arte.

Liliana Magalhães, superintendente do Santander Cultural, aquece a teoria ao dizer que “a importância do estudo como uma noção hereditária ajudou a população a debater, refletir e questionar. Essa força da sociedade é quem identifica, promove, produz e potencializa nossos produtos culturais”. A tese parece correta. A cidade respira um ar cultural que se espalha para além do circuito “culto”.

Com a nova sede inaugurada há menos de um mês e já com mais de 16 mil visitantes, a Fundação Iberê Camargo, responsável por promover e cuidar da obra do artista gaúcho, é um sucesso. Às margens do Rio Guaíba, o esplendoroso prédio branco, desenhado pelo arquiteto português Álvaro Siza, é exemplo de modernidade.

Além das grandes salas (que agora recebem a exposição Moderno no Limite, com cerca de 90 obras do artista), a Fundação tem auditório, biblioteca e espaços de convivência abertos ao público de graça. O curso de formação de professores de escolas públicas e privadas está sempre lotado. Em um sábado à tarde, grupos de jovens em rodas, sentados no chão, desenham e conversam sobre cultura. A luz natural, captada por um sistema computadorizado, é refletida nas salas e mantém sempre a mesma tonalidade nos diferentes ambientes. Essas e outras regalias orçam o projeto em 40 milhões de reais, sendo 60,8% oriundos de leis de incentivos fiscais e 39,2% aplicados diretamente pelos patrocinadores.

Diferente do que acontece com a maioria dos empreendimentos apoiados pela Lei Rouanet, a diretoria da Fundação, encabeçada por Jorge Gerdau, optou por não associar seu nome ao dos mantenedores. Fábio Coutinho, superintendente cultural da instituição, diz que a FIC, como é conhecida, preferiu não seguir o óbvio. “Todo o nosso material tem o nome dos patrocinadores. A diretoria optou por fazer uma fundação, o senhor Jorge achou que a cidade merecia e o artista também. Mas não vemos a necessidade de, com isso, sobressair algum nome”, diz.

Se o Iberê Camargo usou as leis de incentivo de maneira discreta, o Santander preferiu não lançar mão do mecanismo. O banco optou por bancar o projeto com orçamento privado. “A lei traz um estímulo, porque amplia os investimentos na área de cultura. Mas, ao mesmo tempo, se perde o valor que a cultura realmente tem”, diz Liliana Magalhães. Para ela, a atuação é feita de forma isenta e reflete o verdadeiro modelo multiplicador de parcerias, prezado pela instituição. “A cultura sempre trabalhou com investidores. Esse conceito já existia bem antes das leis. Tentamos lidar com isso de forma cuidadosa e, ao mesmo tempo, completa.”

O modelo multiplicador de parcerias é bem visto por todos os centros culturais da cidade. O secretário de cultura, Sergius Gonzaga, diz que a atual efervescência resulta das ações conjuntas entre a comunidade, a iniciativa privada e o poder público. “Hoje, a visão de que todos são adversários foi substituída por uma visão cooperativa e participativa. Temos a esperança de que a cultura seja ainda vista como o néctar absoluto”, completa.

A cooperação acontece também entre as associações de classes, como a Associação de Artes Plásticas Chico Lisboa, que reforça a parceria dos artistas locais com as sedes culturais. Já o modelo de parcerias que o Santander aplica desde 2001, foi apresentado recentemente num fórum promovido pela Aliança Mundial pela Arte e Educação, como um promissor exemplo a ser implantado em outras instituições culturais mundo afora.

O que acontece em Porto Alegre, com uma gestão cultural focada no repasse de conhecimento, não é um milagre. Nem uma fórmula. Neste momento em que voltam a ser discutidas as mudanças na Lei Rouanet, a cidade, certamente, pode oferecer exemplos dos diferentes usos do dinheiro público, e privado, em projetos culturais. Enquanto alguns grupos, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, insistem em brigar pelas “verbas”, a cidade mostra que a saída, muito mais do que uma eterna disputa de egos, pode estar nas pequenas ações capazes de enxergar a cultura como uma peça chave na formação da sociedade.


* A jornalista viajou a convite do Santander Cultural
domingo, 13 de julho de 2008

ostras gigantes

Eu já tinha ouvido falar das ostras de Florianópolis. Mas, juro, não achava que elas eram tão grandes e tão gostosas!

Em um buteco do mercado municipal da cidade, o famoso Box 32, eu e mais dois amigos jornalistas (estávamos na cidade por causa do Fórum de Museus), resolvemos pedir a tal porção de ostras. Fernanda e eu comemos.

A experiência foi saborosa. Sibeli, a garçonete mais legal do mundo (sério, a gente até trocou e-mails!), ensinou a gente o que fazer com aquele bicho do mar de proporções fora do comum. No lugar daquelas pequenas porções, que normalmente são comidas rapidamente, chupadas, aquelas ostras pediam tratamento especial... Com auxílio de um garfo, raspamos as conchas para desgrudar a "carne", que era bem tenra e generosa...

Não preciso descrever muito... se liga nas fotos!


Gigantes! Pedimos só meia porção...


Sibele, a super garçonete, me ensinando a comer a parada...


Fernandinha se deliciando...


Eu e o que restou... viramos as conchas pra fotografar, pq elas também eram especialmente bonitas...
terça-feira, 8 de julho de 2008

fórum nacional de museus

Mal terminei (ou melhor, nem terminei) de postar as coisas de Porto Alegre e já trago notícias de... Floripa!

Pois é, estou aqui para ver o que está pegando no 3º Fórum Nacional de Museus, que começou ontem e vai até sexta feira.

Cheguei só hoje, mas já deu pra perceber um pouco do clima daqui...

Depois conto!
quinta-feira, 3 de julho de 2008

detalhes de POA - parte 2

Demorou, mas chegou! :)

Então, aí vão mais algumas fotos de Porto Alegre. Lembrando que as minhas fotos são péssimas e quase sempre uma viagem, portanto o que vale é a intenção! (haha!)
Amanhã vou colocar mais algumas.

Essas são da primeira parte da viagem, onde a gente foi conhecer a galeria Adesivo (que já mostrei nesse post aqui). São algumas imagens alheias, de coisas que fui passando o olho e achando bacana.

Lembrando que a tal matéria sobre a polítical cultural de Porto Alegre sai essa semana na CartaCapital, edição 503. Nas bancas, em São Paulo, a partir da sexta-feira (amanhã). Mais pro meio da semana eu coloco por aqui também.

Ao que interessa:


Curti esse painel da Nina. A arte dela é bem presente na cidade, apesar de estar também em outras capitais. Seus personagens tem sempre um traço fino, uma coisa bem... como posso dizer.. elegante! Ela é uma fofa, super linda e colaboradora da Carta na Escola, a irmã caçula da CartaCapital... De vez enquando ela aparece aqui na redação...



Essa é a visão quase geral do beco onde fica a Adesivo. É uma parte maior daqueles cartazes que eu já tinha mostrado no post anterior... Pena que não peguei o beco inteiro... Faltou neurônio!


Esse cara de moletom branco (muuuito style) é o Trampo. Visitei a galeria dele também, que é mais um ateilier do que uma galeria. Tem uns trabalhos dele na Transfer também e vou postar aqui mais tarde.


Esse cara de toca vermelha é o Tinho. Na hora ele estava dando entrevista pra uma Tv local, atrás da galeria. Como disse antes, o beco é todo pintado e tem um parque na parte de trás. É aí onde eles estão. O Tinho também tem um painel na Transfer e vou ver se consigo as imagens dele pra mostrar.

Pra quem não lembra, ou chegou agora, a Transfer é uma mega exposição de street art que está acontecendo em Porto Alegre, no Santander Cultural. Quem estiver de passagem, vá lá, vale a pena!

É isso, logo mais, tem mais!
quarta-feira, 2 de julho de 2008

finalmente, famoso

Olha só, eu já ia me esquecendo de postar isso...

Em 2004, o ator Marcelo Médici estreou em São Paulo com a peça Cada um com seus Pobrema. Sucesso total. Só agora, tive a oportunidade de ver. Bati um papo com ele também, que resultou nessa entrevistinha que está aí embaixo, publicada na CartaCapital (n° 503 - está nas bancas). Na revista, saiu só um pedaço. Abaixo, posto a entrevista completa, que também está no site da Carta.

Pra quem não viu ainda, recomendo bastante. Médici é um ator bastante talentoso e seus personagens são hilários.



Jonson é um surfista bonitão que, descoberto na praia, virou ator. Nunca estudou teatro e mal consegue decorar as falas de uma novela. Mas o rostinho bem feito lhe rende altos cachês e, ao aparecer na tevê, ganhou também o respeito da família. A vida de Jonson seria muito real, não fosse ele um personagem fictício.

Inspirado em situações como essa, sempre ao seu redor, o ator Marcelo Médici dá vida a oito figuras do cotidiano com um olhar sarcástico e crítico. Nascida miúda, em 2004, a peça Cada um com seus Pobrema virou um fenônemo. Entrou pela terceira vez em cartaz, no início de junho, no teatro Frei Caneca, em São Paulo, e tem a lotação praticamente esgotada até o fim da temporada. “Isso não era uma realidade da minha carreira de ator. Às vezes, nem acredito”, diz.

Camila Alam: Como é estrear pela terceira vez uma peça?
Marcelo Médici: Desta vez é diferente. É a primeira vez que faço a temporada em um horário absolutamente nobre. A primeira vez foi no Teatro Crowne, para 150 pessoas, uma temporada feita através do boca a boca. Não tinha anúncio e eu não tinha feito novela ainda. Foi uma temporada quase off broadway. Agora, faço de quinta a domingo. Sempre acho que ninguém vai assistir, mas no fim, acada sempre dando certo.

CA: Como foi voltar ao teatro depois de fazer novela? O público continua guiado pelo que vê na tevê?
MM: Não acredito que a televisão possa fazer um milagre pelo teatro. Se o espetaculo que eu tiver na mão não agradar, o publico não vai assistir só porque sou o cara da televisão. O espetáculo já tinha um potencial, tanto que, no ínicio, fiquei em cartaz sem propaganda. Tinha uma carreira, um histórico. Ao mesmo tempo, também não posso tapar o sol com a peneira. É evidente que a a televisão acaba sendo quase que uma consagração da nossa profissão. No Brasil, principalmente. O ator que negar isso está mentindo. Chega a ser engraçado, até a família passa a te tratar melhor. Pinta um orgulho que, sinceramente, não existia antes. É mais fácil pra minha tia falar “aquele é o meu sobrinho, que faz fulano na novela tal”.

CA: As comédias solo, que muitas vezes começam em pequenos espaços, viraram moda no Brasil?
MM: Tive a oportunidade de participar de um projeto que foi o estopim disso, a Terça Insana. A Grace Gianoukas reuniu alguns amigos, atores talentosos que estavam na época meio sem espaço. Ninguém imaginou que fosse ficar rico ali. Queríamos ganhar uma graninha, pagar as contas. Então veio a tona esse novo tipo de espetáculo, pequeno e com produção de baixo custo. Acho muito positivo, já que em um espetáculo grande temos que lidar com a agenda de milhões de pessoas. No meu caso, que é um solo, é claro que preciso de uma equipe. Mas no fim, sou só. É quase uma brincadeira.
CA: Você acompanha as peças em cartaz?
MM: Um pouco. Fico muito feliz que apareçam coisas novas. Mas é claro que quando a demanda é muito grande, a qualidade fica comprometida. Tem gente que acha que vai comprar um livro de piada, montar um espetáculo e ganhar grana. O que é uma pena, não acredito nisso. O teatro tem que ter um depoimento pessoal. Não tenho nada contra ganhar dinheiro. Mas já ouvi falar que determinados espetáculos são papa níqueis, dizem que comédia é feita pra ganhar dinheiro. Isso não é verdade. Se não for boa, não vai dar dinheiro. Pensar assim é chamar o público de burro.

Tia Penha é a minha personagem favorita. Ácida até o talo.

CA: E a comédia da tevê? Você assiste ou acompanha?
MM: Eu participei durante um tempo do A Praça é Nossa (humorístico do canal SBT). Esse tipo de programa tem um público bem fiel. O engraçado é que as pessoas falam mal, mas assitem. No caso da Praça, por exemplo, todo mundo reclama do personagem da Velha Surda. Mas quando ela não aparece, reclamam. Tem também um outro estilo, como o programa Pânico (exibido pela RedeTV). Gosto dos caras. Eles perdem a mão às vezes, mas ao mesmo tempo, comédia não pode trabalhar com o politicamente correto. Senão perde a graça. Da Globo, gosto do A Grande Família também. Mas sabe qual é o melhor programa humorístico da tevê?

CA: Qual?
MM: Podem dizer que é cruel ou preconceituoso da minha parte. Mas eu adoro ver o Casos de Família (programa exibido pelo SBT onde espectadores se reunem para discutir problemas familiares). Outro dia assisti e tinha um garoto reclamando das roupas que a mãe usava. Ele dizia, "Uma velha se vestindo desse jeito eu acho ridículo. Ela tem idade, tem 30 anos!" (Imita com sotaque nordestino). A platéia inteira vinha abaixo. E não venha me dizer que as pessoas que estão lá não sabem que são engraçadas, porque sabem! Eu também gosto da Penélope Nova, naquele programa de sexo da MTV. Ela é cômica, fiquei fãzão.

CA: Os humoristas do teatro são mal aproveitados na tevê?
MM: Acho que os atores não são bem aproveitados na tevê. Não me considero humorista. Já fiz um humorístico na tevê e me senti um peixe fora d'água. Em uma novela, dificilmente você vai ter a chance de demosntrar tudo que pode, como no teatro. A não ser que dê aquela sorte de vida. Hoje tem mais a preocupação de ter os protagonistas bonitos. Dificilmente um comediante vá ter mais espaço. Na novela Belíssima, dei sorte. Estreei com um personagem muito bom. Já vi atores incríveis estrearem em novela e não conseguir espaço. Na segunda novela, comecei com um personagem muito pequeno. Não é uma questão de ego, mas vou confessar que fiquei um pouco puto. Batalhei tanto! E quando cheguei lá, tinha um monte de gente menos preparada com um personagem muito maior. Isso é uma realidade da televisão, não existe uma hierarquia. Mas isso não sou eu que resolvo.

CA: Você tem projetos pra televisão?
MM: Nunca tive o sonho de ter um programa na tevê, mas tenho umas idéias. Não posso falar. Idéia no Brasil é assim, você fala e todo mundo já pega. Se fosse pra levar o que eu quero para a televisão, seria ótimo. O problema é a burocracia. Ninguém pega uma pessoa de teatro e coloca na tevê cofiando no seu potencial. Lá eu sou um funcionário. Se eu me involvesse, queria que fosse super a minha cara. As pessoas tem muitas idéias e modificam a sua idéia original. Se fosse pra fazer do meu jeito, legal. Se não, deixa que eu faço do meu jeito no teatro.

CA: Os humorísticos da tevê estão perdendo a qualidade?
MM: Estamos passando por um retrocesso, parece que as pessoas estão cada vez mais retrógradas. Por exemplo, temas que foram abordados em novelas há 20 anos, hoje em dia as pessoas ainda acham pesado. Podíamos ter avançado na questão dos programas humorísticos. Afinal, a função do humor é a crítica. Ele tem que dar uma sacudida, trazer coisas novas. O Brasil tem uma história humorística extremamente machista. As pessoas esperam machismo, ou escatologia, ou sacanagem. É assim desde o Mazzaroppi. Mas o humor não é agressão, é inteligência.
Mico Leão Gay também é muito bom
Fotos: João Caldas