sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

araquém e a natureza



Experiente fotógrafo acostumado a fazer da natureza sua principal modelo, Araquém Alcântara delicia nosso olhar com as mais belas paisagens em seus dois novos livros. Lançados simultaneamente pela editora Terra Brasil, as edições bilíngües Chapada Dimantina e Águas do Brasil são uma compilação de belos retratos do país, sejam eles dedicados à chapada baiana, ou voltado aos mares e rios nacionais.

Em Chapada Diamantina (192 págs, R$ 99), Araquém faz a documentação visual não só das belezas naturais, mas também registra donas-de-casa, crianças, garimpeiros e antigos moradores da região, complementados com textos e versos de João Cabral de Melo Neto ou Euclides da Cunha. Já em Águas do Brasil (224 págs, R$ 99), o leque é mais aberto. Cachoeiras, cavernas, animais e plantas aquáticas entram em contraste com a seca, retratada no capitulo final. É o alerta de Araquém, mostrando que a abundância é presente no Brasil, seja para o bem, ou para o mal.

Versos também intercalam os ensaios, como quando Guimarães Rosa se une à ao fotógrafo em homenagem à natureza: “Chuuá! Chuuá! Ruge o rio, como chuva deitada no chão”. Araquém aprendeu cedo a observar e admirar a natureza, quando ainda jovem era levado pelo pai a andanças pela Mata Atlântica. O catarinense que foi precursor em registrar os parques nacionais, hoje é um dos nomes mais importantes da fotografia de natureza.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

caixa de surpresas rodriguiana



Recebi aqui na redação a Coleção Arquivinhos, lançada pela Editora Bem-Te-Vi, e me encantei com o cuidado da editora com essa produção. É uma deliciosa caixinha de surpresas. Ao todo são quatro títulos, o mais recente (lançado esse mês) é dedicado ao multifacetado Nelson Rodrigues. Chega às livrarias em formato de pasta preta, cheia de divisórias, como um arquivo mesmo, por salgados 205 reais.

Mas é possível imaginar os olhos de fãs e colecionadores brilhando ao abrir cada uma delas. Ao todo, são 14 peças gráficas, que incluem textos inéditos, fac-símiles de cartas, cartazes e um DVD com depoimentos de Nelson em áudio e vídeo.

Nos textos, Armando Nogueira fala da paixão do novelista pelo futebol e de como era difícil para ele enxergar, da longínqua arquibancada do Maracanã, os pequenos jogadores no gramado. Fernanda Montenegro, em depoimento a Cláudio Mello e Souza, compartilha a experiência de encenar as peças do autor que era “a essência do diálogo dramático”.

Nos fac-símiles, o amarelado papel das cartas escritas ao amigo Otto Lara Resende, a reprodução do cartaz da primeira montagem, em 1965, de Toda Nudez Será Castigada e o programa de estréia de Beijo no Asfalto, de 1960, são uma viagem no tempo e nos aproximam tanto da obra quanto do autor. Por tamanha homenagem, o preço chega a ser quase um detalhe.


Nelson com a camiseta do Flu em 1979


o cartaz da primeira montagem de Toda Nudez Será Castigada


fac-símile de uma carta ao amigo Otto. Clique para ampliar e ler. É engraçada.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

disfarçando a crise



Depois do roubo dos quadros de Picasso e Portinari, e ainda em meio à (eterna) crise administrativa, o Masp inaugura a primeira exposição do ano, na quinta-feira 28. Estratégias para Entrar e Sair da Mordenidade: Arte no Brasil na Coleção Itaú reúne obras produzidas entre 1911 e 1980, de 74 artistas, como Cícero Dias, Lasar Segall e Iberê Camargo (imagem acima).

Assim como boa parte das obras de arte no Brasil, as 135 peças que compõem a exposição fazem parte de um acervo privado. Não é a primeira vez que o Banco Itaú dispõe a museus parte de seus 3,5 mil trabalhos. Com curadoria de Teixeira Coelho e museografia de Daniela Thomas, a exposição, em vez de se focar em uma ou outra escola, tenta fazer um panorama das artes modernas feitas no país no século passado. O legal é que o acervo é bem vasto.

arte urbana em livro

Materiais grosseiros como concreto, metal e cimento viram arte nas mãos da ítalo-brasileira Maria Bonomi. A gravadora, cenógrada e artista plástica, que desde a década de 70 se dedica a obras públicas de grande dimensão, deixa sua marca nas metrópoles com painéis e esculturas que atraem e surpreendem o transeunte acostumado a passar desatento pelas montanhas cinzas da cidade.

Em São Paulo é possível ver um monte de sua arte. Mais recente, o painel Etnias do Primeiro e Sempre Brasil, inaugurado em janeiro na passagem subterrânea que liga o memorial da América Latina à estação do metrô Barra Funda, retrata a história dos índios brasileiros em 50 metros de comprimento.

Agora, a artista tem a trajetória revista no livro Maria Bonomi – Da Gravura à Arte Pública, lançado em parceria entre a Edusp e a Imprensa Oficial (420 págs, R$ 140) e organizado pela professora Mayra Laudanna. Dividida em três partes, a edição apresenta o conceito de arte pública segundo a artista, entrevistas, depoimentos, complementados com ensaio do crítico Leon Kossovitch.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

um pouco de japão em são paulo

Uma intensa programação está por vir ao longo deste ano de comemoração do centenário da imigração japonesa. O calendário cultural, em especial, ganha recheio com exposições, shows e peças temáticas. Na quarta-feira 20, por exemplo, começa em São Paulo a Mostra de Cinema Japonês – 100 anos de Japão no Brasil, resultado de uma parceria entre o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Fundação Japão.

São ao todo 20 filmes, de 14 diretores, que fazem parte da seleção e mostram um panorama da cinematografia de lá desde os anos 1930, até os dias atuais. Integram a programação filmes históricos de diretores como Yasujiro Ozu (Coral de Tóquio, de 1931, e Era uma Vez em Tóquio, de 1953), Akira Kurosawa (A Luta Solitária, 1949 - na foto), Kenji Mizoguchi (A Música Gion, 1953), Nagisa Oshima (Tabu, 1999) e Hayao Miyazaki (O Castelo Animado, 2004).

Conversei com o cineasta André Sturm, que é curador da mostra, para a CartaCapital. Ele falou sobre a produção japonesa e a sua relação com o Brasil. Um pouco disso aí embaixo:

CartaCapital: Uma retrospectiva como essa mostra qual é a cara do cinema japonês hoje?
André Sturm: É uma tarefa difícil. O cinema japonês é variado, pois vai de um cinema bastante clássico, que busca mercado, até filmes bastante artísticos, mais difíceis, porém extraordinários. Há também filmes violentos, ao lado de outros de uma poesia sublime.

CC: Os filmes que são sucesso no Japão chegam a nós, ou há uma diferença de gostos entre os públicos japonês e brasileiro?
AS: Existe uma dificuldade de compreensão de boa parte da produção japonesa. Hoje os filmes que chegam ao Brasil são na maioria os mais sofisticados, normalmente que passam em festivais internacionais.

CC: A língua não familiar pode ser motivo para essa dificuldade de compreensão?
AS: Talvez esse não seja o principal problema. Na verdade, existe mesmo uma diferença de linguagem, de ritmo e sintaxe. Mas, independente disso, todos os anos chegam ao Brasil os filmes que são de maior destaque no Japão. Não necessariamente tem a ver com gosto.

CC: Apesar de ter selecionado todos os filmes da mostra, quais são aqueles que você recomenda como imperdíveis para o público conhecer o cinema de lá?
AS: A seleção é pequena, são apenas 20 filmes. Foi difícil chegar a apenas esses, e todos são representativos. Claro que existe o gosto pessoal e, sendo assim, destaco três diretores, Yasujiro Ozu, Akira Kurosawa e Kenji Mizoguchi. Para mim são momentos especiais da história, não apenas do cinema japonês, mas do cinema mundial.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

meio mistureba


Irvine Welsh, autor escocês que ficou conhecido pelo romance Trainspotting, um dos mais importantes da década de 90, volta a agradar a crítica em sua nova narrativa.

Lançado na Europa em 2006, chega só agora ao Brasil As Revelações Picantes dos Grandes Chefs (Rocco, 432 págs, R$ 52) que traz como protagonista Danny Skinner, sujeito um tanto grosso que trabalha no departamento de vigilância sanitária de Edimburgo, inspeciona os restaurantes mais badalados da cidade e odeia os chefs celebridades.

A narrativa é variada, concentrando-se por vezes em outros personagens, como Brian Kibby, o novato certinho do escritório que faz cooper ouvindo Coldplay, ou Beverly, mãe de Skinner, ex punk de carteirinha. As referências musicais estão em toda a obra, a ponto de Skinner desconfiar se não seria fruto de uma noite de loucuras de sua mãe com Joe Strummer, guitarrista e co-fundador da banda inglesa Clash. A história dessa noite fatídica abre o romance e por causa dela Skinner vai a procura do pai que nunca conheceu.

viva o lost!

"Previously on lost" não é só mais uma chamada... agora é também uma banda! Isso mesmo, uma banda!

Parece que uns doidos de New York se juntaram para fazer músicas sobre os episódios de Lost... Onde vamos parar, hein? E o pior (ou melhor) de tudo, é que elas são hilárias, cheias de referências sobre a quarta temporada. No MySpace dos malucos toda semana será lançada uma música referente ao episódio da vez, portanto, se vc ainda ñ começou a ver a 4ª temporada, nem pense em ouvir... Com nomes como "We're going home" e "Just Wink" (!!) é impossível não querer ouvir essa tosqueira :)
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

coragem sem fronteiras

Enquanto a guerra acontecia entre o Afeganistão e a União Soviética, nos anos 80, o fotógrafo francês Didier Lefèvre foi convidado a acompanhar uma missão dos Médicos Sem Fronteiras que pretendia atender aos feridos afegãos.

Aprendendo a conviver com os costumes mulçumanos, Lefèvre registrou a viagem e a transformou em um belo relato que chega agora às livrarias em seu segundo volume. O Fotógrafo – Uma história no Afeganistão Vol. 2, é a continuação da saga de Didier junto aos médicos e nativos, e onde a aventura se concentra de fato, quando a caravana chega ao seu destino final Zarangandara, no coração do país.

Em um hospital improvisado, com péssimas condições de atendimento, a ação humanitária da MSF toma novas proporções, sendo impossível não se encantar, ou impressionar, com a iniciativa de quem larga a comodidade da vida ocidental em prol da sobrevivência do próximo. A narrativa é tocante e bem apresentada no formato de quadrinhos misturados com as fotografias, feito a seis mãos - com imagens e história de Lefevre, traços de Emmanuel Guibert e diagramação e cores de Fédéric Lemercier. O fotógrafo morreu em janeiro de 2007, aos 49 anos e dedicou sua história a registrar as guerras.

Leia um trecho aqui.
domingo, 3 de fevereiro de 2008

paranoid park



Gust Van Sant volta a abordar o submundo da adolescência em seu mais recente filme, Paranoid Park. Alex, narrador-personagem de 16 anos, se envolve acidentalmente na morte de um segurança em uma linha de trêm próxima à pista de skate clandestina de Portland, a paranoid park.

Sem saber como agir, sendo ao mesmo tempo culpado e inocente, Alex passa a dar um outro sentido a sua vida. Como se deixasse de se preocupar com pequenos problemas e percebesse a imensidão do "mundo lá fora". Van Sant mergulha no tubilhão de sentimentos, mistura-os ao constante silêncio e prova, novamente, que está mais para underground que mainstream. Paranoid Park é ao mesmo tempo lírico e cruel.
sábado, 2 de fevereiro de 2008

previously on lost

Continuando o post anterior...

Como já era esperado, a quarta temporada começou com tudo! O episódio de estréia "the begginig of the end" explicou algumas coisas, mas muitos mistérios ainda estão por vir.... Como eu não vou ficar toda semana falando sobre isso, deixo aqui a dica de dois sites.

O primeiro é o Lost in Lost. Lá tem o resumão dos episódios (para quem tiver coragem de ler..rs) e ainda várias especulações e teorias sobre os mistérios. Sem contar os muitos detalhes que às vezes deixamos passar nos episódios. É a cobertura mais completa do seriado, em português. O segundo é o Lost Brasil, onde existem todas as notícias relacionadas, gente fanática nos forúns, enfim, uma beleza! Fuçando por lá também dá pra achar os links de download dos episódios que passam na gringa.

E se ainda tem alguém atrasado aí, a AXN continua reprisando a 3ª temporada, sem previsão de inicar a próxima por aqui. Enquanto isso, dia 26 começa na Globo a 3ª temporada, naquele horário infeliz de sempre.