terça-feira, 9 de março de 2010

III Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo

Quinze diferentes montagens se revezarão na programação do III Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo, realizado pelo Memorial da América Latina. Entre os dias 8 e 14 de março, acontecerão duas sessões diárias gratuitas, sempre às 19h e às 21h, no auditório Simon Bolívar, onde se apresentam grupos do Brasil e outros vindos do Peru, Argentina, Uruguai, México, Colômbia, Cuba, Espanha e Portugal.

Na abertura oficial, o ator Lima Duarte encena o monólogo O Ator, de Chico Assis. O dramaturgo escreveu a peça em homenagem ao próprio ator, que tem liberdade para misturar no texto histórias de sua própria trajetória. Também no dia de abertura, a atriz Denise Fraga está no elenco de A Alma Boa de Setsuan, clássico de Bertold Brecht dirigido por Marco Antônio Braz. Nos dias seguintes, são apresentadas peças que ganharam destaque em seus respectivos países, como Final de Partida, de Samuel Beckett, trazida pelo grupo cubano Argos ou Los Padres Terribles, montagem do texto de Jean Cocteau que foi premiada como melhor espetáculo de 2009, no Uruguai.

A elogiada companhia portuguesa Kind od Black Box encena Lost in Space, obra do polonês Slawomir Mrozek sobre três astronautas à deriva no espaço, sem comunicação com a Terra. Curiosa é a peça Uma Obra Baseada em Nada, da companhia mexicana Entre Piernas. O texto do americano Will Eno é encenado pelo ator Gerardo Trejoluna que passa cerca de uma hora sentado em cubo de gelo, que vai derretendo ao longo da apresentação. Além da mostra principal, que reúne 15 espetáculos, o Festival apresenta programação paralela, com quatro espetáculos apresentados pela Cia. Circo Teatro Tubinho.

Entre os dias 11 e 13, debates abordam temas como a viabilidade de produções alternativas, tendências da dramaturgia e novos atores. A organização sugere a retirada dos ingressos a partir das 13h do dia do espetáculo.
sexta-feira, 5 de março de 2010

em casa, no museu

A partir de março, cinco instituições abrem acervo para visitação virtual

Quanto mais conhecida é uma obra de arte, mais pessoas almejam a vontade de vê-la ao vivo. Não à toa, Monalisa, de Leonardo da Vinci, ano após ano, continua a lotar de turistas a sala em que está alojada no Museu do Louvre, em Paris. Este princípio é inspiração para a implantação do projeto ERA Virtual – Museus, que colocará na internet o acervo de doze museus brasileiros, disponíveis para visitação virtual, a partir de março.

No endereço www.eravirtual.org, estarão reunidas a princípio cinco instituições. O Museu de Artes e Ofícios, de Belo Horizonte (MG), o Museu do Oratório, de Ouro Preto (MG), Museu Victor Meirelles, de Florianópolis (SC), o Museu Nacional do Mar, de São Francisco do Sul (SC) e a Casa Cora Coralina, de Goiás (GO) são os primeiros a inaugurarem o passeio virtual gratuito que abrange todas as exposições permanentes. A partir do espaço externo destes museus, uma câmera segue em direção a porta de entrada. No canto da tela, um mapa de localização facilita a visita. Esta câmera de acesso “caminha” pelos corredores dos espaços expositores, sendo comandada pelo próprio usuário. Este visitante virtual pode escolher em que direção quer seguir e de qual objeto quer se aproximar. Com um clique, ver detalhes ou gira-la para observar todos os ângulos. Dentro dos corredores, o visitante pode ter uma visão de 360 graus de qualquer ponto do museu em que estiver inserido.

Os organizadores do projeto acreditam que, assim como acontece com a Gioconda de Da Vinci, o conhecimento virtual de uma obra não tira do navegante a vontade de visitar pessoalmente o local onde ela está fixada. “A ferramenta serve como uma motivação a mais para as pessoas visitarem o museus. Como quando um turista procura na internet fotografias de uma praia que irá visitar em breve”, diz Rodrigo Coelho, coordenador e idealizador do ERA Virtual – Museus, que é financiado por intermédio de leis de incentivo estaduais e federais, totalizando 720 mil reais de investimento.

Além das cinco instituições citadas, outras sete estarão disponíveis até o fim do ano. São, em sua maioria, museus de Minas Gerais que abragem temas variados, de arte sacra a história natural. Além disso, outros selecionados estão localizados no Nordeste e Centro-Oeste do país. “Um dos critérios de escolha foi geográfico. Gostaríamos de selecionar museus de todas as regiões, para oferecer ao público uma visão geral das obras hoje expostas no Brasil”, explica a museóloga e curadora do projeto Cicélia Cursino.

Ainda que o oferecimento de uma visitação virtual seja relativamente comum nos grandes museus do mundo, vide o próprio Louvre, a prática caminha lentamente para uma implantação no Brasil. Reforçando esta idéia, o Museu de Arte de São Paulo, MASP, também inaugurou este mês seu novo site, que segue moldes europeus. No endereço www.masp.art.br, o visitante tem acesso a 800 obras do acervo, que incluem telas de Renoir e Van Gogh, com ficha técnica completa. Além das obras, linha do tempo, detalhes históricos e localização de livros e catálogos pertencentes à instituição completam o tour virtual.
quinta-feira, 4 de março de 2010

valores da música, com silvio barbato

No ar há duas semanas, o programa Valores da Música, exibido pelo canal Futura, é uma maneira coloquial e didática de apresentar a música clássica aos menos familiarizados. Apresentado e idealizado pelo maestro Silvio Barbato, morto no dia 1º de junho do ano passado, no acidente do vôo Air France 447, o programa dura apenas 9 minutos, o que não o faz menor em qualidade.

Exibido sempre aos domingos, às 16 horas, apresenta temas relacionados à musica, como a formação de orquestra, confecção de instrumentos ou educação musical, em diversos estados brasileiros. Barbato viajou, por exemplo, a Minas Gerais para falar de corais e ao Pernambuco, para apresentar o trabalho da Orquestra Cidadã, formada por jovens da favela Coq, uma das mais violentas de Recife. Com total de 27 programas, a série apresenta algumas histórias interessantes, como quando o maestro confronta a compreensão de ensino musical por crianças e adultos. Ou quando compara funcionamento de uma orquestra à construção civil e explica a formação do grupo musical em companhia de alguns empreiteiros e pedreiros. Daí surge um interessante diálogo de aprendizado que termina com um dos visitantes sugerindo a execução de um forró.

Outros ritmos brasileiros, frevo, samba e chorinho, também são abordados na série, que é também uma homenagem ao maestro falecido. Nos últimos anos dedicado à composição, o maestro era autor da ópera O Cientista, baseada na vida de Oswaldo Cruz e Chagas, sobre a vida de Carlos Chagas Filho. Antes do acidente, estava elaborando sua terceira ópera, sobre Simon Bolívar.
quarta-feira, 3 de março de 2010

khamsa


No interior da França, o garoto Marco (Marc Cortes) foge de uma família adotiva e retorna ao acampamento cigano onde nasceu. Ali, desamparado pela família, passa a viver em companhia de alguns meninos que o levam a cometer delitos. Seu primo Tony (Tony Fourmann) é um anão cheio de marra que o envolve em brigas de galo. A ilusão de que ganharão uma grana fácil os fazem sonhar com a Espanha. Enquanto isso, o amigo Coyote (Raymond Adam) o leva a invadir mansões vazias, sem sucesso.



Marco carrega no pescoço um pingente khamsa, símbolo de proteção usado sobretudo pela cultura árabe, herdado de sua mãe. O amuleto também o faz ter dúvidas sobre sua real descendência, num local aonde árabes e ciganos não se entendem. O diretor tunisiano Karim Dridi faz de Khamsa um filme sobre delinquência juvenil que se assemelha a outros tantos sobre o mesmo tema. O próprio diretor não esconde sua inspiração em Pixote (1981), de Hector Babenco. Diz que pensou também em Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, quando recrutou boa parte de seus atores/personagens numa comunidade cigana em Marselha, onde pesquisou e realizou workshops por alguns meses.



O carente Marco é figura das periferias do mundo todo, que por azar, falta de instrução ou oportunidade, se vê encurralado diante da violência e obrigado a fazer dela uma constante em sua vida. O diretor Dridi retrata essa inegável percepção de maneira suave, ainda mais quando o personagem reflete sobre uma possível mudança de vida.
terça-feira, 2 de março de 2010

pachamama


Saindo do Rio de Janeiro, o diretor Erik Rocha, filho de Glauber Rocha, propõe uma viagem a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia. No documentário Pachamama, ele se encarrega completamente da câmera, que, em sua mão, sacoleja daqui até lá. Focando-se muito em imagens abstratas encontradas no caminho – rios, estradas e matas – Rocha entrevista alguns personagens e tenta traçar um perfil dos povos que habitam hoje esses países.

Apesar de dizer-se focado em entender o Brasil por meio de sua visão sobre a América Latina, muito pouco se fala sobre seu país de origem. O diretor busca fazer um retrato da política hoje vigente nestes países, principalmente a boliviana, sob mandato de Evo Morales. Seus entrevistados dividem-se entre aqueles que amam e aqueles que odeiam o presidente indígena e tecem os mais diversos comentários sobre a posição do país.

O diretor dá atenção também à tradição de mascar folhas de coca e como ela é tratada por trabalhadores e políticos. Pachamama, que quer dizer “mãe-terra” no antigo idioma aymara, peca por ocultar informações que seriam importantes para o entendimento da viagem. Por vezes, o diretor opta por imagens abstratas, ao invés de focar-se em rostos. Muitas vozes se tornam anônimas, o que faz o espectador perder a troca e o contato humano.

segunda-feira, 1 de março de 2010

cineclube HSBC belas artes

A cada semana, um filme de destaque, sempre no mesmo horário, durante um mês. O Cineclube do Belas Artes, em São Paulo, já realiza esta fórmula há algum tempo e esta semana inicia mais um ciclo. Dedicada à comédia italiana, a programação abrange diferentes fases do gênero, com longas como O Comum Sentido do Pudor (1976), de Alberto Sordi e Aprile (1998), de Nanni Moretti. Abrindo o ciclo, Esses nossos Maridos, longa dirigido em três episódios sobre infidelidade dirigidos por Dino Risi, Luigi Filippo D’Amico e Luigi Zaqmpa.