quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

melhor de 2008

A revista W fez uma ótima retrospectiva mostrando as fotografias mais bacanas dos editoriais de 2008. Difícil escolher uma favorita! Mas fico com essa primeira, de Juergen Teller, feita pra edição de Fevereiro. Nem sei o que dizer sobre a imagem, só que é belíssima. Me tocou de alguma maneira.


Juegen Teller (fevereiro/2008)

Mert Alas e Marcus Piggot (fevereiro/2008)

Bruce Webber (julho/2008)
Mrs. Moss para Mert Alas e Marcus Piggot (setembro/08)
Mais aqui.

Vik Muniz em grande retrospectiva


(clique nas imagens para ampliar!)


Chocolate, diamantes, brinquedos, lixo. O que estes e outros materiais tem em comum é a habilidade de se transformar em matéria prima para arte, desde que estejam nas mãos do paulista Vik Muniz. Aliando escultura e fotografia, o artista cria imagens e retratos, sob forte influência pop, que viraram sua marca registrada. Com diamantes, por exemplo, moldou divas do cinema americano e europeu. Com feijões, Che Guevara. Com geléria e pasta de amendoim, Monalisa.

Conhecido, e aplaudido, mais internacionalmente do que em seu próprio país, o artista chega ao Brasil em grande retrospectiva, intitulada Vik, em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, desde a quinta-feira 22. Em abril, aporta no MASP, em São Paulo.





Radicado nos Estados Unidos há mais de 20 anos, o artista considera esta uma mostra importante. “O publico brasileiro com quem eu tenho tido contato nos últimos anos que tem sido, de certa forma, bastante especifico. Gente ligada à arte que vê o meu trabalho com um misto de desconfiança e orgulho”, diz em entrevista à CartaCapital. Esta talvez seja a primeira oportunidade do artista de dialogar com um público mais amplo em seu país de origem. “O que me excita é a abertura com gente que fala a minha língua e vive a minha cultura. É com eles que sinto ter um compromisso”, completa.

A mostra reúne 131 peças, que segundo artista, são feitas para serem minuciosamente observadas. “Quando uma imagem é interessante, o espectador inicia um diálogo consigo mesmo. Uma parte do cérebro, intuitiva e sensual, pergunta como ou por que. A outra, lógica e objetiva, tenta responder. A exteriorização completa deste diálogo atrofia a lógica e o discernimento através do exercício único dos reflexos”, diz.



Único brasileiro a ser convidado pelo Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York, para comandar a curadoria do Artist’s Choice, em cartaz desde dezembro do ano passado, Muniz diz não esquecer a influência tropical, apesar de sua obra expressar pouca brasilidade. “O Didi, dos Trapalhões, sempre que mencionava um filme, citava A Volta dos Que Não Foram. Eu sou o ideal protagonista desta mitológica película”. A referência ajuda a acusar a idade do artista, hoje com 47 anos. “O Brasil dentro de mim que me faz ver e traduzir o mundo de uma forma especial e útil. Porém, a frequente necessidade de uma caracterização nacionalista produz uma interferência supérflua na percepção do meu trabalho”.

Vik Muniz não tem receio de montar projetos grandiosos. Em 2005, trabalhou com proporções gigantescas ao desenhar, com o auxilio de técnicos e escavadeiras, sob grandes superfícies de terra batida (veja vídeo aqui). A série de fotografias Pictures of Earthwork, feitas durante um voo de helicóptero, foram expostas no Brasil, em 2007. “Agora estamos estudando uma forma de produzir imagens utilizando milhares de pessoas na China”. Exageros a parte, pode ser que ele consiga.




p.s. - depois vou postar a entrevista completa!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009

confirmado! Jamie Bell será Tintim!

Gentemmm, vcs viram isso?

O gracinha do Jamie Bell foi confirmado pela Sony e Paramount como o protagonista da série Tintim, dirigira por Steven Spielberg e produzida por Peter Jackson. Lembram dele pequenino em Billy Elliot? A notícia é um alívio pra mim! Até agora ela foi a única coisa positiva sobre essa adaptação. Já tinha feito um post aqui sobre a possível contratação de Thomas Sangster para o papel, mas ele é novo demais para interpretar Tintim.

E mais um mistério foi resolvido! Já tinha comentado em outro post sobre qual seria o primeiro episódio de Tintim a virar filme. Pessoalmente, estava torcendo muito por O Cetro de Ottokar, As Jóias da Castafiore e As Sete Bolas de Cristal. Mas o escolhido foi O Segredo do Licorne. Ãhn... é um bom episódio, mas há tantos outros mais interessantes!

Outro personagem que já ganhou rosto é o vilão Rackham, o Terrível. Será interpretado por Daniel Craig, o James Bond loiro! rs (da onde tiraram q james bond podia ser loiro? haha). Mais uma bola fora? Na minha opinião, sim. Digo e repito: não confio em Spielberg, nem em Jackson e estou com muito pé atrás com essa trilogia. Espero que eles não estraguem a obra prima de Hergè!

Falando em obra prima, até esqueci de comentar por aqui. Mas finalmente a Cia. das Letras lançou os livros mais esperados da coleção: As Aventuras de Tintim Repórter do "Petit Vingtième" no País dos Sovietes (o primeiro livro da série) e Tintim e a Alfa-Arte, a última, e incompleta, história que narra também alguns dos bastidores da criação do personagem!

Vamos continuar acompanhando essa saga! Outros posts sobre Tintim no link aqui.
Jamie Bell tem cara de Tintim! rs
Andy Serkis será Capitão Haddock! (boa escolha tbm)
Rackham, o Terrível???
Novos lançamentos (R$ 36 e $42 respectivamente)
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

lost is back!


Gentemm!!!! É muita emoção! Lost is back!

Pois é, a quinta temporada da série mais foda de todos os tempos começou! E se vc ainda não assistiu aos dois primeiros episódios que foram ao ar na quarta-feira passada (nos EUA) e nem quer saber dos spoilers, deixe de ler esse post djá, ok?

Eu não vou comentar sobre o seriado toda semana. Pra isso, existem blogs especializados e recomendo bastante a leitura do Lost in Lost, do digníssimo amigo Carlos Alexandre Monteiro. O CA consegue, de maneira bem clara, explorar todas as facetas da série. Ele nos ajuda a identificar e perceber pequenos detalhes de cena que fazem toda a diferença. Ou nos ajuda a ver a história por outro ângulo. Passem lá diariamente. Está sempre atualizado!

Voltando à 5ª temporada! Quero falar mais sobre os personagens do que sobre a trama em si. Because you Left e The Lie, nos mostraram o que aconteceu com a ilha (e com nossos queridos amigos) após a fatídica "girada da roda"! Mais uma vez, nem tudo é o que parece. Gostei muito de ver a volta de um Benjamin Linus manipulador. Apesar de essa ter sido a faceta da personagem desde o seu surgimento, ela andava meio apagada no final da 4ª temporada. E o melhor: ver Ben enganando Jack, é realmente fantástico! Não que eu goste de ver o nosso querido Dr. em mals lençóis, mas é demais para alguém que NUNCA acreditou na boa fé (se é que ela existe) de Linus.

O físico Daniel Faraday se mostra importantíssimo nessa nova fase de LOST. É ele quem vai explicar, a nós e as personagens, o que de fato acontece na ilha. Vê-lo trabalhando para a Dharma (onde? quando? como?) e conversando com Desmond no passado nos mostra que talvez só ele possa estar familiarizado suficientemente com as viagens no tempo, ao ponto de conseguir ajudar na sobrevivencia dos que restaram na ilha. Ou até mesmo, direta ou indiretamente, na volta dos Oceanic 6. Ele e Desmond serão partes importantíssimas desse jogo. E que história é aquela de que o brotha é "milagrosamente especial" e que "as regras não se aplicam a ele"?? Veremos!

Sun é outra personagem que se torna especialmente misteriosa. Magoada e mais corajosa do que nunca, ela parece estar envolvida numa trama peculiar. Se torna, aos poucos, um tanto perigosa. E isso é bastante excitante, por se tratar de uma personagem doce, mas que consegue ter reações duras quando necessário.


Teria ainda dezenas de outros comentários sobre esse início de temporada! Mas acho melhor desenvolvê-los ao longo do tempo. Já falei antes, não vou postar sobre isso toda semana. Mas, como vocês sabem, é tudo um grande mistério. Namastê and let the hunt begin!


update: aposto ainda em dois novos casais: Faraday e Charlotte, como já era esperado, e Sawyer e Juliett!!
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

anni e josef albers



Durante as décadas de 1930 e 1960, os alemães Anni e Josef Albers viajaram à América Latina mais de quinze vezes. Passando por lugares como Cuba, Peru, Chile e México, o casal, formado pela Escola Bauhaus de Design, adequou a cultura desses países à sua própria arte.

Anni, desenhista, tecelã e escritora, buscou inspiração andina para criar estampas e colares. Sua experiência, detalhadamente descrita em diários, também gerou On Weaving (Na tecelagem), livro que dedica aos tecelões do Peru antigo, segundo ela, seus grandes professores. Josef, que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das cores, deve também a essas viagens muitos dos frutos de sua carreira como pintor.

O resultado dessa junção chega a São Paulo em duas grandes exposições. A Pinacoteca do Estado apresenta, desde o sábado 17, Anni e Josef Albers – Viagens pela América Latina, uma reunião de 250 trabalhos que evidenciam esta influencia na produção do casal, sob curadoria de Brenda Danilowitz.

A obra mais conhecida de Josef Albers, Homenagem ao quadrado, fica exposta no Instituo Tomie Ohtake, na mostra Cor e Luz. Ao todo, 45 telas formam um estudo de cores, de composição simples, que tem como objetivo explicitar a percepção de tons, seus contrastes, luminosidade e autonomia.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

yes, they can!

Perdeu a posse do Obama ontem? Relaxa, foi assim ó:



Capitólio bombaaando de gente:




Passeio de limosine:




Discurso oficial:




Tudo assim... beeeem pequenininho!


:)

dica da Ana Luíílsa, que cuida do site da Carta
terça-feira, 20 de janeiro de 2009

os palhaços dançam


Em atividade desde 2004, a Academia Brasileira de Circo, com sede em São Paulo, é responsável por formar profissionais especializados na arte circense. Além disso, mantém em atividade diferentes espetáculos a cada ano. No sábado passado (dia 17), a trupe estreiou O Circo dos Sonhos, show com temática lúdica que ficará em cartaz durante todo o ano, em frente ao Shopping Anália Franco, na capital paulista.

Dirigido por Rosana Jardim e coreografado por Caio Rembrant, o espetáculo narra a história de uma garota que sonha com o mundo circense. A apresentação não foge aos padrões do circo tradicional. Durante duas horas, cerca de 40 artistas se revezam entre os malabares, acrobacias, contorcionismos e trapézios.

A equipe é pequena e o revezamento, neste caso, é geral. É possível notar, por exemplo, os dançarinos fazendo o papel de contra-regras ou a estrela dos tecidos como ajudante de palco. Entre um número e outro, enquanto acontece a troca de palco e vestimenta, Peteka e Pistolinha, uma dupla de talentosos palhaços, distrai a platéia.

Com representantes oriundos do Circo Spacial, a trupe é formada essencialmente por jovens. Ex-alunos da Academia, hoje profissionais, também agregam o espetáculo.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

portinari inaugura o ano


Para inaugurar o ano, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) retira de seus acervos duas séries especiais de Cândido Portinari, pintor paulista que completaria 105 anos no último 30 de dezembro. A mostra As Séries Bíblica e Retirantes é exposta em nova sala, desenhada especialmente pare receber a exposição.


Produzidas entre 1942 e 1944, as telas bíblicas foram encomendadas ao pintor por Assis Chateubriand, para a sede da Radio Tupi, em São Paulo. As oito grande obras ilustram passagens do velho e do novo testamento e explicitam uma forte influência do cubista Picasso. Das cinco telas da série Retirantes, uma das mais importantes do artista, o Museu apresenta três, produzidas em 1944 e 1945.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

II manifesto da mímica total


Sábado passado, a Cia. Luis Louis estréiou sua temporada de 2009 divulgando o II Manisfesto da Mímica Total, que reúne quatro novos espetáculos, apresentados entre janeiro e março deste ano, no Centro Cultural São Paulo.

O diretor da companhia, Luis Louis explica a proposta da mímica total e porque ela se difere da clássica pantomima, uma manifestação objetiva, ou da mímica moderna, onde os movimentos subjetivos se assemelham a dança. “Na Mímica Total, mais contemporânea, tentamos integrar pensamento, corpo e voz. A idéia é ampliar o sentido da mímica e percebe-la como algo existente no nosso dia a dia, que muitas vezes passa despercebida”, diz.

Segundo o manifesto, o ator utiliza o corpo não só como um "instrumento", mas sim "pensamento". “Transformamos um corpo em qualquer coisa, um sentimento, um objeto ou uma emoção. Assim, criamos outros espaços dentro da nossa realidade”, completa o diretor. 650 Mil Horas é o espetáculo que abre a temporada. Nele, atores e platéia interagem numa espécie de jogo, onde ambos decidem, em 60 minutos, como utilizar 650 mil horas – o tempo de vida médio previsto para a o cidadão brasileiro.

Até março, estréiam ainda Sistema Nervoso, I’ve Got a Feeling e o infantil Missão Super Hiper Importante.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009

lutas cubanas



Em viagem a Cuba, em 2008, o fotógrafo João Correia Filho foi cercado por um universo pouco conhecido pelos visitantes da ilha. Em uma pequena e precária academia de boxe, a Rafael Trejo, no bairro Habana Vieja, o fotógrafo registrou as improvisadas condições em que crianças e adolescentes de 10 a 15 anos praticam o esporte.

A exposição Povo de Luta, em cartaz no Sesc Vila Mariana, a partir de amanhã (dia 14), reúne quinze imagens de treinos feitos sobre arquibancadas de madeiras ou halteres improvisados com garrafas plásticas e areia. Curioso ainda é a presença de alguns ídolos que se dedicam a ensinar os jovens, como Hector Vinent, duas vezes campeão mundial e olímpico e seis vezes campeão nacional.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

che em quadrinhos


Três meses após a morte de Che Guevara, em 1968, era lançada na Argentina a biografia em quadrinhos La Vida del Che, do roteirista Hector Oesterheld. Ilustrado a quatro mãos pelos uruguaios Alberto e Enrique Breccia, o livro teve, na época, trajetória tão conturbada quanto a de seu próprio protagonista.

A editora responsável pelo projeto, invadida misteriosamente, teve todo o estoque da obra seqüestrado e destruído. Anos depois, o livro viria a ser proibido, o que lhe deu ainda mais prestígio. Em 1977, Oesterheld, suas quatro filhas e dois genros desapareceram, vítimas do regime militar.

Só agora o livro recebe edição em português, intitulada Che – Os Últimos Dias de um Herói (Ed. Conrad, 96 págs, R$ 34,90). O livro narra, sucintamente, a trajetória do revolucionário desde a infância, passando pelo inicio da carreira médica e os primeiros contatos políticos.

Os desenhos em preto e branco dos Breccia, pai e filho, são ora silhuetas, ora borrões, que deixam o leitor livre para imaginar seu próprio cenário. Não à toa, as imagens tornam-se cada vez mais escuras à medida que a história de Che vai chegando ao fim. “A história dos quadrinhos é dividida em duas épocas: a que vem antes e a que vem depois de Alberto Breccia”, disse certa vez Frank Miller, quadrinista americano responsável por Sin City e 300.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

arte para deleitar estranhos


Quando criança, o artista plástico carioca Cildo Meirelles deparou-se com um objeto que iria influenciar sua trajetória até a idade adulta. Nos arredores de sua casa, numa estreita rua onde costumava brincar, achou uma casa em miniatura. Delicada e cheia de detalhes, havia sido ali deixada por um andarilho que passara a noite construindo-a, enquanto aquecia-se ao lado de uma fogueira.

O jovem Cildo, então com sete anos, viria a descobrir mais tarde que aquela era a representação da arte que é feita para deleitar estranhos. A arte que, de algum modo, consegue ligar indivíduos mesmo a distância. E, por que não, a definição de sua própria obra.


Esta é uma das histórias do documentário Cildo, dirigido por Gustavo Rosa de Moura, em cartaz durante os dias 9, 10 e 11 de janeiro na Tate Modern, em Londres (sem previsão de estréia no Brasil). A galeria, considerada o templo da arte contemporânea mundial, recebe pela primeira vez uma exposição individual de um artista brasileiro vivo. Durante os 83 minutos de filme, o visitante percorre a trajetória do artista, ao mesmo tempo em que passeia pela retrospectiva apresentada no museu londrino.

O próprio artista disserta sobre a arte moderna, sua obra e vida. Relatos familiares tornam-se passagens interessantes, assim como uma certa insistência do artista em falar sobre Michael Collins, o piloto do módulo lunar Apollo 11, cujo nome é pouco lembrado.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

oh, god!

para tudo!

respirem...

e

babem:

Quinta-feria que vem, esse mimo chega as lojas de NY. Em edição limitada, apenas 2 exemplares!
Alguém aí disposto a desembolsar $8.250 doletas?
Aaaahhh, se fosse rica!!! rs

p.s.: se alguém estiver em NY, vá ao Soho ver a loja da Vuitton embrulhada em vinil e grafitada!
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

gilberto freyre e a simplicidade

"vamo que vamo que som não pode parar!!"

É nesse espírito que o ano começa! Abaixo, um vestígio da última edição da CartaCapital de 2008! Feliz 2009!



Clareza e Ousadia

Gilberto Freyre dizia amar a simplicidade. Tanto que o sociólogo, poeta, pintor e contista, achava-se apenas escritor. Não era simples, porém, a maneira como enxergava o Brasil e seu povo. Profundo estudioso da cultura nacional, Freyre refletia sobre a formação do país, preocupado em enxergar suas múltiplas facetas, seja no hoje, no ontem ou sempre. Para ele, não existia tempo morto. “Sua obra, de dimensão ensaística, possui enorme riqueza literária em que se destacam a elegância e a clareza”, diz Gilberto Velho, professor do Departamento de Antropologia da UFRJ.

“Não escrevo em sociologuês, nem em antropologuês, nem em filosofês, nem em economês”, enfatizava o autor de Casa Grande & Senzala, uma das mais importantes obras nacionais. A simplicidade não se aplica, no entanto, a sua mais recente homenagem, 21 anos após sua morte. A antiga sede do Banco Nacional do Comércio, onde hoje funciona o Santander Cultural, em Porto Alegre, recebe a exposição Gilberto Freyre – Intérprete do Brasil, que reúne inúmeros objetos, de cartas à quadros, que ajudam a entender a obra do ensaísta pernambucano.

Sob curadoria geral de Julia Peregrino e cenografia de André Cortez, a mostra é dividida em ambientes onde o visitante pode descobrir, folheando um caderno ou abrindo uma gaveta, diferentes facetas de Freyre. Seja nas cartas trocadas com os amigos Erico Veríssimo e Carlos Drummond de Andrade, ou nas telas de colorido estilo naïf, o olhar de Freyre sempre recai sobre a brasilidade e a preocupação em manter, cultivar e conhecer sua própria cultura. Das nossas mesas, dizia o escritor, estariam desaparecendo os pratos mais característicos, os mocotós e as buchadas, os pirões e as feijoadas. “Cabe a Freyre um lugar de particular destaque devido à ousadia de sua interpretação do Brasil e dos brasileiros. Seu interesse e cultura levaram-no a analisar a sociedade como um todo, uma visão dinâmica de transformação e processo”, completa o professor Gilberto Velho.

O escritor tinha medo de ser benquisto por todos e não o foi. Durante as décadas de 60 e 70, muitas vezes acusado de conservador, rebatia dizendo querer conservar as raízes brasileiras. Viajante, estudou em Nova York e Oxford, lecionou em Stanford e Michigan, pesquisou sobre seus antepassados em Senegal e faleceu no Recife, sua terra natal, em 1987. A linha do tempo de sua vida é mostrada na exposição por meio de fotografias, da infância à velhice. “Ao apresentar o seu mundo de diversidades, esperamos despertar nos visitantes o nosso maior patrimônio, o valor de pertencer a um lugar, a um trópico”, pontua Liliana Magalhães, superintendente do Santander Cultural.