sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

são paulo antiga



Imagens de São Paulo antiga, tiradas entre 1870 e 1930, compõem uma coleção de cartões postais lançados pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade, à venda em livrarias (R$ 30). Na caixa, com 22 cartões postais e envelopes, mostram o cotidiano da cidade pelo olhar dos fotógrafos Aurélio Becherini, Militão Augusto de Azevedo e Guilherme Gaensly, além de autores desconhecidos.


As imagens são do Departamento do Patrimônio Histórico que busca divulgar seu acervo iconográfico. Em uma das imagens, de autoria desconhecida, passantes sobre a ponte observam a enchente do rio Tamanduateí, em 1906. Em outra, oficiais da Guarda Cívica, crianças e passantes olham curiosos em direção ao fotógrafo Becherini, em 1915, ao lado do popular Café Brandão. Todos os postais são descritos em pequenos textos assinados por Fraya Frehse, professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Viva o Brasil



O material fotográfico da exposição Viva o Brasil, de Xavier Roy, já passou por algumas capitais brasileiras e agora é editado em livro homônimo (Imprensa Oficial, 136 págs, R$ 60), cujo lançamento acontece dia 22 de fevereiro, na Casa das Rosas, em São Paulo. As imagens do fotógrafo francês, captadas entre 2003 e 2009, buscam registrar o cotidiano das ruas e o aspecto humano dos locais visitados. Passando por diversos estados brasileiros, Roy viajou de São Paulo aos Lençóis Maranhenses, do Rio de Janeiro a Santarém. “Foi neste país que vivenciei alguns dos meus mais belos encontros fotográficos”, diz na apresentação do livro.



Inspirado pelos romances de Jorge Amado e pelas canções de Gilberto Gil, o francês buscou no Brasil a mesma peregrinação que já havia feito em outros países, quando trabalhava como repórter e carregava consigo a máquina fotográfica. Hoje somente dedicado à fotografia, reúne neste lançamento 119 imagens em preto e branco captadas durante suas viagens pelo país. São, em sua maioria, fotografias que retratam um Brasil tranquilo, em imagens de cotidiano que fogem do registro documental da violência ou miséria.



São fotografias de crianças brincando no mar, cachorros passeando na orla da praia, mulheres em típicas vestimentas baianas. Roy diz, em entrevista cedida ao também fotográfo João Kulcsár que completa o livro, que busca registrar o espírito humano, que é o mesmo aqui ou em qualquer outro lugar.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

um homem sério



Marca registrada dos irmãos Ethan e Joel Coen, o humor negro e sarcástico é parte de sua nova produção Um Homem Sério. O longa é um retorno às origens judaicas dos irmãos, cheios de referências bíblicas e indagações religiosas, ao mesmo tempo em que mantém certo tom de comédia quando busca retratar a infelicidade alheia.

O protagonista do título é Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg), um professor de Física politicamente correto, que parece não ter pulso firme para controlar decisões que afetam diretamente sua vida. Mantém-se inerte mesmo ao saber que precisa mudar-se de casa, pois sua mulher quer formar um lar com o amante. Com dívidas, problemas em casa e no trabalho, Gopnik busca conselhos de diversos rabinos e começa a contestar qual exatamente é o papel que Deus exerce em sua vida. “Porque ele nos faz perguntar, se não nos dá nenhuma resposta?”, diz em uma conversa cômica com o rabino Natchner (George Wyner).

Filmado no interior de Minessota, onde os Coen foram criados e onde rodaram um de seus melhores filmes, Fargo (1996), Um Homem Sério pode ser visto como um filme feito por judeus e para judeus. “Nós recorremos à tradição”, aconselha uma amiga de Gopnik. Ao mesmo tempo, é também uma reflexão sobre como podemos tomar as rédeas da vida, independente de religião. Ao tratar de Deus, família e crença, assuntos de tamanha complexidade, os irmãos Coen acertam o tom ao recorrem novamente a um específico tipo de humor, no qual são mestres.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

um olhar do paraíso



O diretor Peter Jackson, responsável pela trilogia Senhor dos Anéis e King Kong, tem mania de grandeza, isso não é novidade. Em seu novo longa-metragem, Um Olhar do Paraíso, ele abandona a temática épica ou aventureira, mas mantém um estilo excessivo, repleto de efeitos especiais, que está acostumado a apresentar em suas mega produções. O roteiro do filme, baseado no romance Uma Vida Interrompida, de Alice Sebold, narra a história de Susie Salmon, garota de 14 anos que é assassinada pelo vizinho.



Após sua morte, ela observa a vida daqueles que ainda estão vivos e tenta influenciar na captura de seu assassino. Susie, interpretada com suavidade pela garota Saoirse Ronan, passa a viver em uma espécie de ante-sala do paraíso, de onde ela poderá se libertar assim que acreditar que sua influência entre os vivos está terminada. Repleto de espiritualidade, Um Olhar do Paraíso é por vezes tocante, mas peca pelo exagero, vindo exatamente da mania de Jackson de exacerbar.



Com efeitos especiais, cria um paraíso onde tudo é possível, mas não faz dele uma paisagem bonita de se ver. O mal uso de cores ou elementos visuais torna algumas cenas visualmente feias, quase bregas. Se dirigido com maior sutileza, seria mais agradável de assistir às duas horas e vinte minutos de duração. Um inexpressivo Mark Wahlberg e uma mal aproveitada Rachel Weisz, que some mais da metade do filme, completam o elenco como pais da garota. Susan Sarandon, a avó maluquete, dá leveza ao clima pesado da produção.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

educação


Subúrbio de Londres, década de 1960. Carrey Mulligan interpreta Jenny, uma promissora estudante colegial se encontra com um homem mais velho (Peter Sarsgaard) e passa a viver uma espécie de vida dupla em Educação, filme de Lone Scherfig. De um lado, ela é a garota de 16 anos, que freqüenta de uniforme a escola para garotas, sem maquiagem e com o sonho de entrar na Universidade de Oxford.

Ao lado de David (Sarsgaard), aprende um novo estilo de vida. Transforma-se numa bonequinha de luxo, vai a Paris, freqüenta clubes de jazz e corridas de cachorro. David encanta não só Jenny, mas também seu rigoroso pai e sua submissa mãe. Mas há algo de estranho no personagem, em sua maneira de levar a vida e profissão, que faz com que o espectador fique na espera de uma reviravolta. Que de fato acontece. Educação foi exibido na Mostra de Cinema de São Paulo com o nome de Sedução, ambos propícios. Na pele da lolita Jenny, Carrey Mulligan, hoje com 24 anos, ganha sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz.
domingo, 21 de fevereiro de 2010

o mensageiro


O Sargento Montgomery, ferido na guerra do Iraque, volta aos Estados Unidos e recebe uma missão burocrática para deixá-lo longe dos campos de batalha. Ele precisa, ao lado do capitão Tony Stone, notificar pessoalmente a morte de soldados a seus familiares. Ben foster e Woody Harrelson interpretam esta dupla em O Mensageiro, filme dirigido por Oren Moverman, que tem duas indicações ao Oscar deste ano, incluindo melhor ator coadjuvante para Harrelson e melhor roteiro original.

A história narra brevemente a passagem do Sargento Montgomery de herói de guerra a portador de más notícias. Treinado por um capitão excêntrico (Harrelson merece a indicação), ele é o cara durão que deixa de lado a razão quando acredita ser necessário. Avisado sobre o protocolo a ser seguido, passa então a visitar famílias em cenas onde a emoção toma forma de diferentes maneiras, quase sempre envoltas em raiva.

A Steve Buscemi cabe o papel do pai revoltoso, que usa humilhação para expressar sua revolta ao exército. Samantha Morton interpreta uma viúva que desperta interesse no sargento. O Mensageiro extrai da convivência entre oficiais um retrato da instituição americana, ao mesmo tempo em que se opõe ao seu perfil e a suas atitudes perante o recrutamento juvenil.
sábado, 20 de fevereiro de 2010

aquarelas de Charles Landseer


Um dos sete filhos sobreviventes do gravador John Landseer, o inglês Charles Landseer veio de uma família de artistas. Além do pai, que lhe ensinou o ofício, os irmãos também eram ligados às artes plásticas. Em 1825, então com 26 anos e já formado na britânica Royal Academy of Arts, Charles Landseer integra a missão diplomática do embaixador Charles Stuart e aporta no Brasil, onde fica por cerca de um ano.

Quase 180 desenhos e aquarelas desta época, preciosas como as de Jean-Baptiste Debret, pertencem hoje ao Instituto Moreira Salles, que abre exposição no Rio de Janeiro e lança extensa edição bilíngüe sobre o artista, intituladas Charles Landseer: desenhos e aquarelas de Portugal e do Brasil – 1825-1826 e organizadas por Leslie Bethell. Livro e exposição dividem a obra do artista por períodos, desde sua saída da Inglaterra, passando por Lisboa e a chegada ao Brasil. Ainda na capital portuguesa, registrou rostos de passantes nas ruas e fez retratos de Dom João VI, a maioria com lápis ou carvão sob papel.

Durante o período em que esteve no Brasil, Landseer viajou por São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, onde observou costumes e pessoas, mas pintou principalmente paisagens, sobretudo cariocas. Aqui aproveitou o uso da aquarela para registrar também espécies botânicas nativas. Ao chegar no Brasil, era jovem e inexperiente. De volta ao país de origem, tornou-se o principal instrutor da Royal Academy of Arts.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

preciosa



Indicado a 6 Oscar, incluindo melhor filme, direção e roteiro, Preciosa é um dos queridinhos da premiação este ano. O drama narra a história de Clarice Precious Jones, adolescente negra, obesa, pobre, analfabeta, sexualmente abusada e grávida do pai pela segunda vez, cuja mãe a espanca e a primeira filha sofre de Síndrome de Down. A extensa descrição, ainda incompleta, é proposital e serve para enfatizar o drama em que se apóia este filme independente, dirigido pelo quase estreante Lee Daniels e inspirado no livro Push, da escritora norteamericana Sapphire.


É impossível não se emocionar com a história de Precious, já que o sofrimento se faz tão presente. Mas, ao mesmo tempo, também chega a ser exagerado o tom dramático que Daniels emprega durante todo filme, o que o faz perder o tom. Quando se imagina que a protagonista já passou por tudo, lá vem mais uma cacetada. Por vezes sonha acordada, sempre se imaginando uma cantora de sucesso, escoltada por um namorado bonitão.


A estreante Gabourey Sidibe concorre a melhor atriz pelo papel principal, mas a comediante Mo’Nique impressiona na pele de mãe descontrolada. Em participações especiais, é possível ver Mariah Carey e Lenny Kravitz bem longe do glamour pop ao qual estão acostumados. O longa-metragem também debate a esperança e não poderia ser diferente, já que é apadrinhado e produzido pela apresentadora Oprah Winfrey. Se lembrarmos que esperança e sofrimento fizeram de Quem quer Ser um Milionário? o melhor filme do ano passado, pode ser que Precious tenha boas chances com a Academia.

astroboy


Criação do “pai dos mangás”, Osamu Tezuka, a história do menino-robô Astro Boy chega aos cinemas na sexta-feira 22 em animação coproduzida por Japão, Hong Kong e Estados Unidos. A combinação entre ocidente e oriente é bem explícita no longa-metragem infantil. São mantidos alguns traços do mangá japonês, sobretudo no personagem principal, ainda que boa parte dos cenários e coadjuvantes sejam totalmente ocidentalizados.

Responsável por popularizar o estilo, Tezuka criou a história na década de 50 e transformou Astro Boy numa espécie de Mickey Mouse japonês, um símbolo infantil carismático e lucrativo. Numa realidade futurística, o cientista Dr. Tenma perde o filho Tobio em um acidente dentro de seu laboratório. Em luto, cria um andróide idêntico ao garoto e consegue transferir a ele memórias e sentimentos de Tobio. Mais tarde expulso de casa, o menino-robô tem que perceber sua condição e adaptar-se a ela numa sociedade onde os robôs são tratados como sucata.

A animação, bem dirigida por David Bowers, consegue misturar drama e ação em boas medidas, sem transformar o enredo em melodrama. O ator Rodrigo Faro, apesar de seus 35 anos, empresta voz ao garoto. O bom trabalho o faz quase passar despercebido.

toca raul!



Uma seleção de clássicos é o que leitor encontra em Raul Seixas – 10.000 Anos à Frente, uma caixa com seis CDs que reúnem as melhores fases da carreira do roqueiro baiano. Do primeiro álbum solo, Krig-Há, Bandolo! (1973), saíram Mosca na Sopa, Al Capone e Metamorfose Ambulante. Para colecionadores, o álbum 30 Anos de Rock (1985) em que Seixas regrava clássicos do estilo como Blue Suede Shoes e Tutti Frutti, ambas também eternizadas por Elvis Presley. Os bem sucedidos alguns Gita (1974), Novo Aeon (1975), Há 10 Mil Anos Atrás (1976) e Rock Raul Seixas (1977) completam a caixa.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Policarpo em quadrinhos

Dando continuidade a série Grandes Clássicos em Graphic Novel, a editora Desiderata lança O Triste Fim de Policarpo Quaresma (74 págs, R$ 44,90), de Lima Barreto, com roteiro de Flávio Braga e desenhos de Edgar Basques.

Este cartunista gaúcho, acostumado com humor, ambienta com precisão o Brasil do século XIX em quadros aquarelados. São bem cuidadas as paisagens cariocas em tons pastéis e a indumentária é detalhada.

O roteiro de Braga se prende aos fatos principais do livro e extrai humor de cenas variadas, como quando o anti-herói se põe a chorar ao cumprimentar alguns visitantes, pois “é assim que fazem os tupinambás”. O Triste Fim de Policarpo Quaresma foi originalmente publicado em folhetins, entre agosto e outubro de 1911, mas não deixa de se mostrar atual ao discutir o papel da liberdade de expressão.

salve jorge!


A primeira década da carreira de Joge Ben Jor é relançada em CD na caixa Salve Jorge!, que contém boa parte dos sucessos da carreira do cantor, naquela época ainda Jorge Ben. A caixa contém 14 álbuns, todos pertencentes ao acervo da antiga gravadora Philips brasileira, gravados entre 1963 e 1976, entre eles um duplo com raridades e versões inéditas, como a do hino do Flamengo, time do coração.

A caixa Salve Jorge! é mais do que uma compilação, mas um resgate a uma fase celebrada de sua carreira e lembrada ainda hoje por dezenas de hits, entre eles Mas que Nada, Chove Chuva, Balança Pema, lançados ainda no primeiro disco Samba Esquema Novo (1963). Sacudin Bem Samba (1964), Força Bruta (1970), Negro é Lindo (1971) e A Tabua Esmeralda (1974) também são frutos desta fase, sendo este último considerado por muitos o melhor álbum da carreira do cantor. Produto de um período em que Ben Jor se aproximou da filosofia, alquimia e temas holísticos, são deste álbum as místicas e também clássicas Os alquimistas estão chegando, O homem da gravata florida e Magnólia.

Junto com Gilberto Gil, em 1975, lançou Gil & Jorge Ogum Xangô, disco experimental quase raro, fruto de uma jam session na casa do executivo André Midani. Comemorando este lançamento e os quase cinqüenta anos de carreira, Ben Jor faz show em São Paulo, no Credicard Hall, dia 27 de fevereiro.