quarta-feira, 16 de julho de 2008

gênio e revolucionário


Para comemorar 60 anos de existência, o Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a mostra Marcel Duchamp: uma obra que não é uma obra de arte, a maior do artista já realizada na América Latina, sob curadoria de Elena Filipovic. A relação do artista francês com o MAM não é recente. Em 1948, o fundador do museu, Cicillo Matarazzo, trocou uma série de cartas com ele para promover, em conjunto, a curadoria do que seria a exposição de abertura. O evento nunca aconteceu, já que um dos organizadores desapareceu com parte do dinheiro reservado à exposição.

Seis décadas depois, as idéias de Duchamp (1887-1968) retornam por meio de cerca de 120 peças capazes de oferecer um panorama que vai muito além da famosa roda de bicicleta sobre um banco de madeira. Na exposição, há obras significativas como uma réplica de O Grande Vidro, que demorou oito anos para ser concluída e, ainda hoje, não é totalmente compreendida pelos estudiosos do artista.

Também merece destaque Caixa Valise (imagem acima), uma reunião de reproduções e miniaturas que Duchamp fez das próprias obras. Na mala, que acaba por formar uma espécie de museu, ele colocou os trabalhos que considerava mais importantes. Trata-se, no fundo, de uma defesa do conceito de cópias e réplica, que ele tanto apregoou. Muitas das obras originais foram perdidas ao longo dos anos e reproduzidas inúmeras vezes pelo próprio artista, algumas delas trazidas agora ao Brasil.

O MAM recebe em paralelo a mostra Duchamp-me, na qual o curador Felipe Chaimovich retira do acervo do Museu obras brasileiras inspiradas no artista francês. Trata-se, enfim, de uma rara chance de conhecer, de perto, o artista que virou a arte de pernas para o ar no início do século XX.

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