quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

os últimos redutos



Entre os morros Corcovado e Dois Irmãos, numa Rio de Janeiro de outrora, o príncipe regente encanta-se com um terreno onde funcionava um antigo engenho de açúcar, próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas. Foi ali, que Dom João VI manda criar o Jardim de Aclimatação, um ano após a chegada da família Real ao Brasil. Duzentos anos depois, o hoje conhecido Jardim Botânico do Rio de Janeiro, comemora a data lançando Árvores Notáveis (Andrea Jakobsson, 300 págs, R$ 220), livro que narra brevemente a história do lugar e chama a atenção por catalogar, com belas aquarelas, não só as famosas palmeiras-imperiais, mas inúmeras espécies de árvores, plantas e flores identificadas no jardim.

Por meio da riqueza de detalhes das imagens, os ilustradores Paulo Ormindo e Malena Barretto, mostram ao leitor, leigo ou não, minúcias que passam despercebidas mesmo pelo visitante mais atento. “As ilustrações botânicas são recortes da natureza que nos dão a entender infinitas formas e cores, trazendo à tona aquele que está fora do nosso alcance , camuflado nas matas e florestas”, diz Ormindo, na apresentação do volume, do qual também é organizador.

No perfil de cada planta, e também nas páginas finais, um guia ajuda o leitor a identificar o lugar em que cada uma se encontra no jardim, que é aberto a visitação pública desde 1819. Naquela época, porém, ainda fazia-se necessário o acompanhamento de um guarda imperial durante o passeio. Àrvores Notáveis funciona como uma contribuição à pesquisa e a história, mesmo papel desenvolvido por grandes jardins em diferentes partes do mundo.

Os espaços botânicos não tratam apenas de biodiversidade e preservação, mas também, de beleza e misticismo. Sobre isso, a Editora Senac lança Do Éden ao Éden (324 págs, R$ 80), de Gil Felippe e Lílian Penteado Zaidan. Juntos, os autores (ele, botânico e ela, bióloga) fazem um estudo sobre diversos jardins históricos, como os de Pisa, Pádua, Amsterdã e Copenhague. Começando com os mitológicos Éden e os Suspensos da Babilônia, o livro narra também a história dos primeiros jardins asiáticos até chegar à modernidade de espaços como os de Nova York. Apresentando o volume, o biólogo e pesquisador Oswaldo Fidalgo faz uma conclusão enfática. “Nesse mundo em transformação com a elevação da temperatura, a poluição e suas conseqüências, espécimes vegetais que caminham para a extinção talvez encontrem nos jardins botânicos seu último reduto, seu alento final”, diz.

Foto: Portal do Tempo (fundos do Portal das Belas Artes)
Antonio Semeraro Rito Cardoso / Jardim Botânico do Rio de Janeiro

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Carlos Alexandre Monteiro disse...

Acredita que eu NUNCA visitei o Jardim Botânico da minha cidade? :P

beijão e feliz 2009!