quinta-feira, 9 de outubro de 2008

michelangelo didático


Busto de Bruto

Quando uma obra recebe tamanha importância, a ponto de tornar-se patrimônio da humanidade, dificilmente ela será vista fora de seu lugar de origem. Para isso, faz-se uso de réplicas. O Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo, traz ao Brasil a inédita Michelangelo em Contexto, uma grandiosa exposição que reúne 25 grandes esculturas em gesso do gênio renascentista italiano.

As estátuas, preparadas com base nos moldes originais, especialmente para o Brasil, possuem selo de autenticação da Gipsoteca Dell’Istituto Statale d’Arte, de Florença, e foram motivo de longa espera por parte do Museu. “Demoramos cerca de dois anos para conseguir completar as negociações entre os dois países. Mas entende-se essa burocracia e complexidade quando se trata de Michelangelo”, diz Jorge Landmann, diretor do Museu.

Réplicas não menos especiais, as esculturas recebem tratamento vip no Brasil. Para preservar a exposição, que custou cerca de R$ 1,5 milhão a patrocinadores, foi montado um exclusivo sistema de vigilância e iluminação dentro do Museu paulistano. “É uma mostra histórica”, diz Landmann. Entre as 25 peças, estão obras ímpares como Davi, Pietà Rondanini e Busto de Bruto. Personagens esculpidos a extrema perfeição que, como conta a história, só faltam falar.



Apesar de dedicar-se amplamente à escultura e à pintura, o artista que libertava as figuras do mármore nunca abandonou o lápis. Dois de seus valiosos desenhos originais - Madonna col Bambino, de 1525, e Nudo di Schiena, de 1504/1505 – foram cedidos pela Fondazione Casa Buonarotti e nunca saíram da Itália.


Os especialistas italianos Patrizia Pietrogrande e Eugênio Martera, responsáveis pela curadoria da mostra, ao lado de Jacob Klintowitz, curador geral do MuBE, optaram por fazer um panorama didático das artes no período antes e depois de Michelangelo, dividindo a exposição em partes. Uma delas, traz obras de artistas contemporâneos ao italiano, como Jacopo della Quércia e Andréa Verrocchio. Em outra, é a vez dos alunos do mestre, como Gian Bernini e Vicenzo Danti, terem seu destaque. Completando a mostra, dez grandes painéis de fotografias mostram outras importantes esculturas de Michelangelo. As imagens são de autoria de Aurélio Amendola, também italiano, que dedicou boa parte de sua carreira a documentação das esculturas do artista.

“Expor as obras de Michelangelo, de seus alunos e contemporâneos, tem significações importantes para nós”, diz Jacob Klintowitz. “Uma delas é servir à São Paulo a presença de um grande artista e sua época. Trazemos à cidade uma carga máxima de informação estética e humanística”, completa o curador.


Nudo di Schiena, de 1504/1505

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