quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

um pouco de japão em são paulo

Uma intensa programação está por vir ao longo deste ano de comemoração do centenário da imigração japonesa. O calendário cultural, em especial, ganha recheio com exposições, shows e peças temáticas. Na quarta-feira 20, por exemplo, começa em São Paulo a Mostra de Cinema Japonês – 100 anos de Japão no Brasil, resultado de uma parceria entre o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e a Fundação Japão.

São ao todo 20 filmes, de 14 diretores, que fazem parte da seleção e mostram um panorama da cinematografia de lá desde os anos 1930, até os dias atuais. Integram a programação filmes históricos de diretores como Yasujiro Ozu (Coral de Tóquio, de 1931, e Era uma Vez em Tóquio, de 1953), Akira Kurosawa (A Luta Solitária, 1949 - na foto), Kenji Mizoguchi (A Música Gion, 1953), Nagisa Oshima (Tabu, 1999) e Hayao Miyazaki (O Castelo Animado, 2004).

Conversei com o cineasta André Sturm, que é curador da mostra, para a CartaCapital. Ele falou sobre a produção japonesa e a sua relação com o Brasil. Um pouco disso aí embaixo:

CartaCapital: Uma retrospectiva como essa mostra qual é a cara do cinema japonês hoje?
André Sturm: É uma tarefa difícil. O cinema japonês é variado, pois vai de um cinema bastante clássico, que busca mercado, até filmes bastante artísticos, mais difíceis, porém extraordinários. Há também filmes violentos, ao lado de outros de uma poesia sublime.

CC: Os filmes que são sucesso no Japão chegam a nós, ou há uma diferença de gostos entre os públicos japonês e brasileiro?
AS: Existe uma dificuldade de compreensão de boa parte da produção japonesa. Hoje os filmes que chegam ao Brasil são na maioria os mais sofisticados, normalmente que passam em festivais internacionais.

CC: A língua não familiar pode ser motivo para essa dificuldade de compreensão?
AS: Talvez esse não seja o principal problema. Na verdade, existe mesmo uma diferença de linguagem, de ritmo e sintaxe. Mas, independente disso, todos os anos chegam ao Brasil os filmes que são de maior destaque no Japão. Não necessariamente tem a ver com gosto.

CC: Apesar de ter selecionado todos os filmes da mostra, quais são aqueles que você recomenda como imperdíveis para o público conhecer o cinema de lá?
AS: A seleção é pequena, são apenas 20 filmes. Foi difícil chegar a apenas esses, e todos são representativos. Claro que existe o gosto pessoal e, sendo assim, destaco três diretores, Yasujiro Ozu, Akira Kurosawa e Kenji Mizoguchi. Para mim são momentos especiais da história, não apenas do cinema japonês, mas do cinema mundial.


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