quarta-feira, 2 de julho de 2008

finalmente, famoso

Olha só, eu já ia me esquecendo de postar isso...

Em 2004, o ator Marcelo Médici estreou em São Paulo com a peça Cada um com seus Pobrema. Sucesso total. Só agora, tive a oportunidade de ver. Bati um papo com ele também, que resultou nessa entrevistinha que está aí embaixo, publicada na CartaCapital (n° 503 - está nas bancas). Na revista, saiu só um pedaço. Abaixo, posto a entrevista completa, que também está no site da Carta.

Pra quem não viu ainda, recomendo bastante. Médici é um ator bastante talentoso e seus personagens são hilários.



Jonson é um surfista bonitão que, descoberto na praia, virou ator. Nunca estudou teatro e mal consegue decorar as falas de uma novela. Mas o rostinho bem feito lhe rende altos cachês e, ao aparecer na tevê, ganhou também o respeito da família. A vida de Jonson seria muito real, não fosse ele um personagem fictício.

Inspirado em situações como essa, sempre ao seu redor, o ator Marcelo Médici dá vida a oito figuras do cotidiano com um olhar sarcástico e crítico. Nascida miúda, em 2004, a peça Cada um com seus Pobrema virou um fenônemo. Entrou pela terceira vez em cartaz, no início de junho, no teatro Frei Caneca, em São Paulo, e tem a lotação praticamente esgotada até o fim da temporada. “Isso não era uma realidade da minha carreira de ator. Às vezes, nem acredito”, diz.

Camila Alam: Como é estrear pela terceira vez uma peça?
Marcelo Médici: Desta vez é diferente. É a primeira vez que faço a temporada em um horário absolutamente nobre. A primeira vez foi no Teatro Crowne, para 150 pessoas, uma temporada feita através do boca a boca. Não tinha anúncio e eu não tinha feito novela ainda. Foi uma temporada quase off broadway. Agora, faço de quinta a domingo. Sempre acho que ninguém vai assistir, mas no fim, acada sempre dando certo.

CA: Como foi voltar ao teatro depois de fazer novela? O público continua guiado pelo que vê na tevê?
MM: Não acredito que a televisão possa fazer um milagre pelo teatro. Se o espetaculo que eu tiver na mão não agradar, o publico não vai assistir só porque sou o cara da televisão. O espetáculo já tinha um potencial, tanto que, no ínicio, fiquei em cartaz sem propaganda. Tinha uma carreira, um histórico. Ao mesmo tempo, também não posso tapar o sol com a peneira. É evidente que a a televisão acaba sendo quase que uma consagração da nossa profissão. No Brasil, principalmente. O ator que negar isso está mentindo. Chega a ser engraçado, até a família passa a te tratar melhor. Pinta um orgulho que, sinceramente, não existia antes. É mais fácil pra minha tia falar “aquele é o meu sobrinho, que faz fulano na novela tal”.

CA: As comédias solo, que muitas vezes começam em pequenos espaços, viraram moda no Brasil?
MM: Tive a oportunidade de participar de um projeto que foi o estopim disso, a Terça Insana. A Grace Gianoukas reuniu alguns amigos, atores talentosos que estavam na época meio sem espaço. Ninguém imaginou que fosse ficar rico ali. Queríamos ganhar uma graninha, pagar as contas. Então veio a tona esse novo tipo de espetáculo, pequeno e com produção de baixo custo. Acho muito positivo, já que em um espetáculo grande temos que lidar com a agenda de milhões de pessoas. No meu caso, que é um solo, é claro que preciso de uma equipe. Mas no fim, sou só. É quase uma brincadeira.
CA: Você acompanha as peças em cartaz?
MM: Um pouco. Fico muito feliz que apareçam coisas novas. Mas é claro que quando a demanda é muito grande, a qualidade fica comprometida. Tem gente que acha que vai comprar um livro de piada, montar um espetáculo e ganhar grana. O que é uma pena, não acredito nisso. O teatro tem que ter um depoimento pessoal. Não tenho nada contra ganhar dinheiro. Mas já ouvi falar que determinados espetáculos são papa níqueis, dizem que comédia é feita pra ganhar dinheiro. Isso não é verdade. Se não for boa, não vai dar dinheiro. Pensar assim é chamar o público de burro.

Tia Penha é a minha personagem favorita. Ácida até o talo.

CA: E a comédia da tevê? Você assiste ou acompanha?
MM: Eu participei durante um tempo do A Praça é Nossa (humorístico do canal SBT). Esse tipo de programa tem um público bem fiel. O engraçado é que as pessoas falam mal, mas assitem. No caso da Praça, por exemplo, todo mundo reclama do personagem da Velha Surda. Mas quando ela não aparece, reclamam. Tem também um outro estilo, como o programa Pânico (exibido pela RedeTV). Gosto dos caras. Eles perdem a mão às vezes, mas ao mesmo tempo, comédia não pode trabalhar com o politicamente correto. Senão perde a graça. Da Globo, gosto do A Grande Família também. Mas sabe qual é o melhor programa humorístico da tevê?

CA: Qual?
MM: Podem dizer que é cruel ou preconceituoso da minha parte. Mas eu adoro ver o Casos de Família (programa exibido pelo SBT onde espectadores se reunem para discutir problemas familiares). Outro dia assisti e tinha um garoto reclamando das roupas que a mãe usava. Ele dizia, "Uma velha se vestindo desse jeito eu acho ridículo. Ela tem idade, tem 30 anos!" (Imita com sotaque nordestino). A platéia inteira vinha abaixo. E não venha me dizer que as pessoas que estão lá não sabem que são engraçadas, porque sabem! Eu também gosto da Penélope Nova, naquele programa de sexo da MTV. Ela é cômica, fiquei fãzão.

CA: Os humoristas do teatro são mal aproveitados na tevê?
MM: Acho que os atores não são bem aproveitados na tevê. Não me considero humorista. Já fiz um humorístico na tevê e me senti um peixe fora d'água. Em uma novela, dificilmente você vai ter a chance de demosntrar tudo que pode, como no teatro. A não ser que dê aquela sorte de vida. Hoje tem mais a preocupação de ter os protagonistas bonitos. Dificilmente um comediante vá ter mais espaço. Na novela Belíssima, dei sorte. Estreei com um personagem muito bom. Já vi atores incríveis estrearem em novela e não conseguir espaço. Na segunda novela, comecei com um personagem muito pequeno. Não é uma questão de ego, mas vou confessar que fiquei um pouco puto. Batalhei tanto! E quando cheguei lá, tinha um monte de gente menos preparada com um personagem muito maior. Isso é uma realidade da televisão, não existe uma hierarquia. Mas isso não sou eu que resolvo.

CA: Você tem projetos pra televisão?
MM: Nunca tive o sonho de ter um programa na tevê, mas tenho umas idéias. Não posso falar. Idéia no Brasil é assim, você fala e todo mundo já pega. Se fosse pra levar o que eu quero para a televisão, seria ótimo. O problema é a burocracia. Ninguém pega uma pessoa de teatro e coloca na tevê cofiando no seu potencial. Lá eu sou um funcionário. Se eu me involvesse, queria que fosse super a minha cara. As pessoas tem muitas idéias e modificam a sua idéia original. Se fosse pra fazer do meu jeito, legal. Se não, deixa que eu faço do meu jeito no teatro.

CA: Os humorísticos da tevê estão perdendo a qualidade?
MM: Estamos passando por um retrocesso, parece que as pessoas estão cada vez mais retrógradas. Por exemplo, temas que foram abordados em novelas há 20 anos, hoje em dia as pessoas ainda acham pesado. Podíamos ter avançado na questão dos programas humorísticos. Afinal, a função do humor é a crítica. Ele tem que dar uma sacudida, trazer coisas novas. O Brasil tem uma história humorística extremamente machista. As pessoas esperam machismo, ou escatologia, ou sacanagem. É assim desde o Mazzaroppi. Mas o humor não é agressão, é inteligência.
Mico Leão Gay também é muito bom
Fotos: João Caldas

4 comentários:

Anônimo disse...

Orgulhosissímo da minha Brother
Beijo
Mazao

Camila Alam disse...

hahaha
vc é um querido mesmo!
bjo

Anônimo disse...

Acho esse ator muito bom,posso compara-lo a um Nanini sem medo de errar...ele ainda vai dar o que falar, parabéns pelas materias Camila,vc tá cada dia melhor.

Anônimo disse...

Acho esse ator muito bom,posso compara-lo a um Nanini sem medo de errar...ele ainda vai dar o que falar, parabéns pelas materias Camila,vc tá cada dia melhor.