terça-feira, 16 de setembro de 2008

novos lances decisivos


VIK MUNIZ Pictures of Diamond: Catherine Deneuve
150 x 120 cm
Último lance R$ 270.000,00

Sentado nas primeiras fileiras do 1º Leilão de Fotografia, organizado no sábado 6, em São Paulo, um senhor acompanha a exibição das peças por meio de uma apresentação de slides na parede. Ao fazer seu lance e perceber, minutos depois, que arrematou o lote cobiçado, vira-se para trás. Triunfante, com um discreto “soquinho” no ar, diz aos amigos “É meu!”.

A aura de fetiche que envolve os leilões de arte aos poucos começa a envolver também o mercado de fotografia. Sob responsabilidade da Bolsa de Arte de São Paulo, o leilão ocorrido no penúltimo fim de semana foi o primeiro do Brasil sem fins beneficentes, dirigido essencialmente a colecionadores. Um indício de que o mercado de fotografia se expande para além dos museus e galerias.

Eufóricos, organizadores e convidados comemoravam a venda de mais de 80% das 186 peças apresentadas. Entre os compradores reunidos em uma galera da rica Rua Oscar Freire paulistana, havia senhores de ar clássico e jovens casais que refletiam sobre a decoração de suas salas de estar. Um público de colecionadores e curiosos ecléticos, empenhados em buscar não só raridades, mas sim, objetos de decoração. “A procura tende a seguir a originalidade e a estética. A beleza continua sendo importante na de definir o preço, assim como nas artes plásticas”, diz Jones Bergamin, diretor da Bolsa de Arte há 23 anos.

Para Bergamin, a fotografia ainda deixa os colecionadores mais tradicionais com o pé atrás. A fácil reprodutibilidade de imagem é um problema para quem busca o objeto exclusivo. Até a ampliação emoldurada em vidro pode incomodar. “Falta mudar o olhar dos colecionadores", diz Bergamin. "Eles precisam saber que uma tela e uma foto têm o mesmo status, o de obra de arte. Os colecionadores de fotografia já sabem disso, mas são poucos".

Esses colecionadores tendem a procurar nas fotos a marca das artes plásticas, seja na assinatura das peças, seja na concepção da imagem. A fotografia de rua não desperta interesse. "É pesada e documental", diz Bergamin. O lote mais caro do leilão, Pictures of Diamond: Catherine Deneuve (acima), do artista plástico paulista Vik Muniz, estava estimado entre de R$ 160 e R4 220 mil reais. Ao ser arrematado, por R$ 270 mil, fez a platéia aplaudir e o barulho de cochichos curiosos aumentar.

O bom momento da fotografia não se resume só ao mercado secundário. Mesmo longe dos leilões, o curador de fotografia da Pinacoteca de São Paulo, Diógenes Moura, concorda haver uma ebulição em início. “Vejo um momento pulsante do mercado. A fotografia brasileira tem tido respaldo dentro e fora do País, por ter muitas linguagens e qualidades. Há muito a ser percorrido, o momento é embrionário”. Para o curador, a fotografia brasileira tem frescor e potencialidade para atingir cada vez mais também o mercado internacional.

“Toda a fotografia sai ganhando no momento em que incorpora outros mercados. É um exemplo inteligente de ruptura de fronteiras entre diversas áreas da arte”, diz o fotógrafo Iatã Canabrava. O único lote de sua autoria que estava à venda no Leilão, foi arrematado por R$ 4.300, um valor 300 reais acima do estimado. “Como autor, só posso ficar feliz”, finaliza.


IATÃ CANNABRAVA Sem Título
125 x 46 cm
Último lance R$ 4.300,00

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