quinta-feira, 23 de julho de 2009

o grupo baader meinhof


Na Alemanha Ocidental da década de 70, os filhos da geração pós-guerra travam uma guerra particular contra o imperialismo norte-americano. Julgam-no a nova face do facismo. Nascido nas salas de debate das universidades, o movimento de extrema esquerda tenta criar uma sociedade mais humana, ao mesmo tempo em que emprega os mesmos termos que tenta combater. Nesse contexto, nascia a RAF, ou Facção Exército Vermelho, ou Grupo Baader Meinholf, como ficou conhecido. Sua história, conhecida e retratada em livros, chega aos cinemas brasileiros amanhã.

O Grupo Baader Meinhof, dirigido pelo alemão Uli Edel (de Christiane F.), é denso e verdadeiro. Em seus 150 minutos de duração, narra o nascimento e morte da organização alemã, focando-se na trajetória separada de seus principais condutores, a jornalista de esquerda Ulrike Meinhof (Martina Gedeck) e os militantes Andréas Baader (Moritz Blebtreu) e Gudrun Ensslin (Johanna Wokalek). Procurada por Ensslin, Meinhof colaborou na fuga do então prisioneiro Baader. Depois deste dia, em maio de 1970, abandona a família e passa a ter uma vida clandestina junto ao grupo. Uma vez reunidos, e posteriormente presos, o espectador passa a acompanhar também a trajetória de um outro grupo, aquele se forma além dos muros da prisão. Jovens recrutas, responsáveis pelo seqüestro do vôo LH181 da Lufthansa e do industrial Hanns Martin Schleyer, ações fracassadas.

Baseado em livro biográfico homônimo, de Stefan Aust, o longa-metragem não soa planfetário, nem toma posições. Seus personagens históricos são humanos. Não são heróis ou exemplo de mártires. Mudam de posição, alteram-se e brigam entre si. Como em todo grupo político, prevêem um rompimento, mas estão envolvidos por demais na teia que criaram. A narrativa linear é detalhista. Alguns dos diálogos foram baseados em documentos originais ou relatos de testemunhas e gravações foram realizadas em locações originais. Mensagens secretas, trocadas enquanto os membros da RAF estavam na cadeia de Stammheim, também serviram de base para recapitulação de cenas. Tudo isso faz com que O Grupo Baader Meinhof seja visto como um retrato concreto, quase um documentário.


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