quinta-feira, 16 de julho de 2009

copacabana*

“Copacabana é aquele bilhete que você, totalmente de ressaca, encontra no bolso da calça de manhã. O bilhete da garota com quem você trombou ontem numa festa. E você sabe que ela é encrenca (...)”.

Com estas palavras Mário Bortolotto apresenta o álbum Copacabana (Ed. Desiderata, R$40, 200 págs), desenhado por Odyr e roteirizado por Lobo, ambos remanescentes da revista Mosh. No livro, o submundo do famoso bairro carioca é tratado com sinceridade. Prostituição, drogas e crimes dão o tom da narrativa, apresentada em imagens em preto e branco, tão borradas e agitadas como as próprias personagens.

No enredo, a prostituta Diana é conhecida no calçadão do bairro. Usa o xaveco de sempre pra conseguir clientes. E diz pra mãe que é enfermeira. Labuta diária e forte, que se torna ainda mais dura quando ela se envolve, não diretamente, no assassinato de um gringo cheio da grana. Mas, no meio da confusão, ainda sobra tempo pro amor. Como ela consegue?

Na cidade que é fantasia, o cartão postal oferece sexo, drogas e samba. Lobo e Odyr oferecem ao leitor muito mais. Um olhar direto sobre uma realidade que existe nas esquinas daqui ou de lá. Existe, mas passa despercebida por aqueles que dormem antes da meia noite e não ouvem o barulho das sirenes ou não vêem o piscar dos neons dos night clubs.

No baixo Augusta, em São Paulo, em Copacabana, no Rio, ou nos red lights districts ao redor do mundo, existem centenas de Dianas. E cada uma delas, com uma história pra contar. A dupla sabe disso e se inspirou para traduzir, de maneira coerente, esse universo de diversão e sofrimento. Se Copacabana, o bairro, é encrenca, Copacabana, o livro, é prazer. Ou vice-versa?


* Coluna originalmente publicada no site Impulso HQ

1 comentários:

Unknown disse...

Belo texto, Camila! Descreveu muito bem a Copacabana de Lobo e Odyr.
Leandro Assis