segunda-feira, 30 de março de 2009

ensinamentos de josé mindlin




Dono de uma das mais importantes bibliotecas particulares do Brasil, José Mindlin, já narrou sua paixão por livros em documentários e reportagens. Mas agora direciona a palavra àqueles que, por algum motivo, não se vêem tão interessados pela leitura.


Em No mundo dos livros (Ed. Agir, 104 págs, R$ 29,90), o terceiro de sua autoria, Mindlin conta o inicio de sua trajetória como leitor e colecionador, tentando, de certa forma, ensinar seus passos. “A leitura dá um sentido espiritual à vida, abre horizontes, dá uma visão melhor e mais ampla do mundo e da sociedade em que vivemos, estimula a imaginação e o sonho. Sem ela não seria o que eu sou”, ele diz em um dos capítulos.


Em tom coloquial, Mindlin conversa diretamente com o leitor e por vezes questiona “Não concorda? Espero que sim!”. Com 95 anos, ocupante da cadeira número 29 da Academia Brasileira de Letras, o autor dá dicas de leitura e de como montar uma biblioteca, seleciona e descreve algumas de suas obras preferidas. Algo difícil de fazer, dada à quantidade de peças já lidas por quem desde cedo coleciona raridades.


Em uma das passagens, Mindlin narra um episódio que o deixou constrangido. Ainda criança, sem saber ler, foi flagrado pelo pai, ao lado da estante, com um livro aberto. Sussurrava e ao ser indagado, respondeu “Estou lendo”. Chegando próximo ao menino, o pai percebeu que o livro estava de cabeça para baixo. “Fiquei encabulado e a lembrança permaneceu viva até hoje... Mas foi a última vez que uma coisa assim me aconteceu”, diz.


Aos 13 anos, quando começou a freqüentar os sebos do centro de São Paulo, trocava correspondências com editoras estrangeiras à procura de volumes antigos. Mindlin diz ter encontrado nos livros fies amigos imaginários. Daqueles que não reclamam, “mesmo que tenham ficado na estante durante anos seguidos sem serem tocados”.

0 comentários: