quinta-feira, 26 de março de 2009

osgemeos e titi freak: grafite em novos suportes



Quem vive nas grandes cidades está acostumado a passar por viadutos, muros e vielas grafitados. O que os olhares menos aguçados podem não perceber é que o coadjuvante das ruas vive um momento de ator principal, fora das selvas de concreto. A chamada street art toma cada vez mais outros ambientes, é criada em torno de novos suportes, avança sobre novas mídias. Em suma, sofisticou-se, sem perder a característica transgressora.



Em cartaz, no Rio de Janeiro, a partir do dia 23, os já reconhecidos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, que assinam como osgemeos, são um dos exemplos da bem sucedida transposição. Os paulistanos obtiveram reconhecimento em galerias estrangeiras para depois colher frutos em terras tupiniquins. As fachadas da galeria Tate Modern, em Londres, e do castelo Kelburn, na Escócia, são exemplos grandiosos de que a linguagem dos becos do bairro do Cambuci é universal.


Em sua nova mostra, Vertigem, em cartaz no CCBB carioca, suas obras transformam-se em instalações, onde o visitante pode interagir, ouvir, tocar (instrumentos, inclusive) e se transformar em parte atuante. “A partir do momento em que tiramos nosso trabalho das ruas e levamos ao museu, já não é grafite. É arte contemporânea, tridimensional”, diz Gustavo Pandolfo, em entrevista concedida a mim por telefone.

Além de mover a arte das ruas para as galerias, outro paulistano ganha destaque nas próximas semanas com o lançamento do livro Freak (Ed. ZY, 200 págs, R$ 50). Hamilton Yokota, que atende por Titi Freak, é um dos importantes artistas que formam a cena do grafite nacional. Largou o traço e a profissão de cartunista quando descobriu os sprays e, de lá pra cá, deixou sua marca em exposições e muros da Europa, Estados Unidos e Japão.

Sob forte influencia pop nipônica, Titi Freak tenta trazer o ambiente das ruas também para as galerias, utilizando suportes como placas, garrafas e janelas velhas. “O grafite sempre foi das ruas, nunca esperava parar nas galerias. Mas isso foi uma conseqüência dos trabalhos que começaram a ficar mais profissionais. É sempre um experimento trabalhar com outros materiais”, diz.

Em seu livro, lançado em parceria com a galeria Choque Cultural e a loja Nike Sportswear, pouco se lê sobre sua história. Mas a bem sucedida trajetória é explicada por meio de desenhos, esboços e fotos de trabalhos realizados desde a época em que trabalhava para os estúdios de Mauricio de Sousa. “Como pintor, quis contar com imagens a minha transição dos quadrinhos para o grafite e a minha chegada as galerias. Se eu fosse escritor, escreveria mais”, brinca.
Semana passada, teve o lançamento do livro lá na loja da Nike Sportswear, na Praça Omaguás, em Pinheiros. Mas a Livraria Pop, também em Pinheiros, realiza amanhã (sexta-feria, dia 27) uma sessão de autógrafos com o Titi Freak.
O cara é uma simpatia, vale a pena dar uma passada por lá, levar um exemplar pra casa e apoiar a nossa arte de rua! O evento começa a partir das 19h e a Livraria POP fica na Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 297.
Fotos: Divulgação (clique para ampliar)

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